Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
RFI- Em Xi’an, a raiva e a revolta da população aumentam a cada dia que passa. Há uma semana os problemas vêm se acumulando desde que a cidade chinesa reforçou as medidas de restrição antocovid. Os 13 milhões de habitantes só podem sair para fazer compras a cada três dias e os suprimentos das lojas estão desaparecendo. A logística de Pequim não parece dar certo e muitos reclamam nas redes sociais de ficar sem comida.
Habitantes famintos, estudantes que tremem de frio em hotéis requisitados para isolá-los e pacientes sem acesso aos hospitais da cidade. As histórias vindas de Xi’an, na China central, fazem lembrar a situação enfrentada pelo povo de Wuhan há quase dois anos, no início da pandemia.
A rica metrópole de 13 milhões de habitantes registrou mais de mil casos de Covid-19 desde 9 de dezembro. Um caso raro pois a China, que aplica uma política de tolerância zero ao vírus, afirma ter controlado o surto. Na quarta-feira, 29 de dezembro, as autoridades municipais admitiram que “dificuldades logísticas e de distribuição” provocaram interrupções no abastecimento de alimentos à população.
Improvisação das autoridades criticada
Para os habitantes de Xi’an, o problema decorre, em particular, da rapidez com que as restrições se tornam mais rígidas. Mesmo quando estiveram confinados em sua casa nos últimos cinco dias, todos puderam sair para fazer compras. Mas os residentes foram repentinamente proibidos de sair de casa na segunda-feira (27) e não tiveram tempo para estocar produtos para necessidades básicas.
Muitos chineses denunciam pela internet a improvisação das autoridades apesar de dois anos de estratégia “Covid zero”. Ainda mais preocupante: essas medidas drásticas foram tomadas em resposta aos casos da variante delta. A ômicron, bem mais contagiosa, ainda não chegou no gigante asiático.
O governo central da China relativizou as dificuldades nesta quinta-feira (30). “No geral, o suprimento de necessidades básicas em Xi’an é suficiente”, garantiu o porta-voz do Ministério do Comércio, Gao Feng, em uma coletiva de imprensa online. Ele acrescentou que seu ministério tomaria medidas adicionais, se necessário, para garantir o abastecimento da cidade.
A televisão nacional chinesa mostrou nesta quinta-feira imagens de trabalhadores em macacões separando ovos, vegetais e carne antes de irem de porta em porta entregá-los aos residentes.
Alguns moradores, porém, ainda reclamavam da falta de alimentos. “Não teve entrega”, criticou uma moradora. “Dois dias atrás, consegui fazer um pedido na minha loja de conveniência. Mas não hoje”, lamentou ela. “Tenho arroz em casa […] tenho vários ovos sobrando. Um por refeição, uma refeição por dia”.
Outra moradora disse, sob condição de anonimato, que conseguiu obter suprimentos depois de negociar para sair por 30 minutos. O supermercado tinha pouco estoque e as verduras não estavam frescas, segundo ela.
(Com informações da AFP)