O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse neste sábado (16) que as negociações com a Rússia seriam interrompidas se os ucranianos que defendem a cidade portuária de Mariupol fossem mortos, informou o Washington Post.
“A destruição de todos os nossos meninos em Mariupol” poderia “[acabar] com qualquer formato de negociação”, disse Zelensky em entrevista ao veículo.
O cessar-fogo e as negociações de paz terminaram após ataques aéreos em cidades como Bucha e Borodyanka, uma área a noroeste de Kiev, no início deste mês.
“Pode haver 10 borodyankas lá”, disse Zelensky sobre Mariupol.
“Acredito que isso é um grande erro se eles definitivamente querem acabar com a guerra como dizem”, disse Zelensky sobre a Rússia.
“Este é um beco sem saída porque… não estamos negociando usando nossos territórios e pessoas. E entendemos que as negociações são necessárias para defender nosso país e acabar com a guerra.”
“A situação em Mariupol permanece o mais grave possível”, disse Zelensky em um discurso virtual no sábado à noite, de acordo com uma transcrição postada no site presidencial ucraniano em inglês.
“Apenas desumano. Isso é o que a Federação Russa fez. Deliberadamente fez. E deliberadamente continua a destruir cidades. A Rússia está deliberadamente tentando destruir todos que estão em Mariupol”, continuou Zelensky.
“Quero ser ouvido agora: não houve um único dia desde o bloqueio de Mariupol que não tenhamos buscado uma solução. Militar ou diplomático – qualquer coisa para salvar as pessoas”, acrescentou. “Mas encontrar essa solução é extremamente difícil. Até agora, não há uma opção 100% válida. Isso se aplica tanto às opções militares quanto ao processo de negociação.”
As declarações de Zelensky ocorrem quando o Ministério da Defesa da Rússia disse no sábado que limpou toda a área urbana de Mariupol das forças ucranianas, com alguns combatentes restantes na usina metalúrgica de Azovstal, relata a Reuters.
“Toda a área urbana de Mariupol foi completamente desmatada… os remanescentes do grupo ucraniano estão atualmente completamente bloqueados no território da usina metalúrgica Azovstal”, disse o ministério.
Não houve reação imediata de Kiev à declaração do ministério russo, relata a Reuters.