Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
O cardeal chinês Joseph Zen Ze-kiun, de 90 anos, foi liberado sob fiança após ser preso nesta quarta-feira (11), de acordo com informações da mídia local. O cardeal é defensor dos direitos humanos, da democracia em Hong Kong e crítico da ditadura comunista chinesa.
Ainda de acordo com a mídia local, ele está retornando à sua comunidade salesiana depois de uma breve detenção na delegacia de Chai Wan,
O South China Morning Post informou que o cardeal “foi preso pela polícia de segurança nacional de Hong Kong, juntamente com a ex-deputada da oposição Margaret Ng Ngoi-yee e a cantora Denise Ho Wan-sze por supostamente conspirar com forças estrangeiras, segundo fontes”.
Uma quarta pessoa, o ex-professor adjunto Hui Po Keung, foi preso pela polícia de segurança nacional na terça-feira (10) quando estava prestes a pegar um voo para a Alemanha.
Aparentemente, as prisões estão relacionadas a seus papéis como administradores do 612 Humanitarian Relief Fund, que forneceu assistência jurídica a pessoas que participaram dos protestos pró-democracia de 2019 que foram reprimidos pelas forças de segurança. O fundo fechou em 2021.
Dezenas de ativistas pró-democracia foram presos sob uma ampla Lei de Segurança Nacional imposta à cidade por Pequim em 2020 após as manifestações. A mídia independente da cidade foi destruída e sua legislatura reorganizada para enchê-la de seguidores leais a China.
Respondendo a perguntas de jornalistas, o porta-voz do Vaticano Matteo Bruni disse: “A Santa Sé tomou conhecimento com preocupação da notícia da prisão do cardeal Zen e está acompanhando com extrema atenção o desenvolvimento da situação”.
As acusações contra ele estariam relacionadas ao Fundo 612 e supostamente conspirando com potências estrangeiras. Este último é um dos 66 artigos da altamente controversa Lei de Segurança Nacional que entrou em vigor em 30 de junho de 2020.
O 612 Humanitarian Relief Fund foi estabelecido em 15 de junho de 2019 e, segundo seu site, “visa fornecer apoio humanitário e financeiro relevante a pessoas feridas, presas, atacadas ou ameaçadas de violência” durante os protestos pró-democracia.
O site afirma que o fundo “fornece principalmente assistência legal, médica, psicológica e financeira de emergência”.
Como pastor e mesmo depois de renunciar ao cargo de bispo, o cardeal Zen visitava regularmente manifestantes que estavam detidos nas prisões de Hong Kong.
A prisão ocorre três dias após a eleição de John Lee Ka-chiu, ex-policial e católico, como o novo diretor executivo de Hong Kong, apoiado pelo ditador chinês Xi Jinping.