A Coreia do Sul planeja suspender sua proibição de décadas de acesso público à televisão, jornais e outras mídias norte-coreanas como parte de seus esforços para promover o entendimento mútuo entre os rivais, disseram autoridades nesta sexta-feira (22).
Divididas ao longo da fronteira mais fortificada do mundo desde 1948, as duas Coreias proíbem seus cidadãos de visitar o território um do outro e trocar telefonemas, e-mails e cartas, e bloqueiam o acesso aos sites e estações de TV um do outro.
Em um relatório de política para o novo presidente Yoon Suk Yeol nesta sexta-feira, o Ministério da Unificação da Coreia do Sul disse que abrirá gradualmente a porta para transmissões, mídia e publicações norte-coreanas para tentar aumentar o entendimento mútuo, restaurar a identidade nacional coreana e se preparar para uma futura unificação. .
Autoridades do ministério disseram que a Coreia do Sul começará permitindo o acesso às transmissões norte-coreanas para tentar encorajar a Coreia do Norte a tomar medidas semelhantes. O ministério se recusou a fornecer mais detalhes, dizendo que os planos ainda estão sendo discutidos com as autoridades relevantes na Coreia do Sul.
Jeon Young-sun, professor de pesquisa da Universidade Konkuk de Seul, disse que é improvável que a Coreia do Norte retribua porque o fluxo de conteúdo cultural e de mídia sul-coreano representaria “uma ameaça muito grande” à sua liderança autoritária.
Governada por três gerações da família Kim desde sua fundação em 1948, a Coreia do Norte restringe estritamente o acesso de seus cidadãos a informações externas, embora muitos desertores tenham dito que assistiram a programas de TV sul-coreanos contrabandeados enquanto moravam no Norte. Em 2014, tropas norte-coreanas abriram fogo quando ativistas sul-coreanos lançaram balões com pendrives contendo informações sobre o mundo exterior e panfletos críticos da família Kim em direção ao território norte-coreano.
As relações entre as duas Coreias continuam tensas devido à tórrida série de testes de mísseis da Coreia do Norte este ano. Yoon, um conservador, disse que adotaria uma postura mais dura em relação às provocações norte-coreanas, embora tenha dito que tem “um plano audacioso” para melhorar a economia do Norte se abandonar suas armas nucleares.
Apesar da provável relutância do Norte em retribuir, Jeon disse que a Coreia do Sul precisa aliviar sua proibição à mídia norte-coreana porque as restrições levaram à dependência de estrangeiros e outros governos para coletar informações relacionadas à Coreia do Norte. Jeon disse que isso aumentou o perigo de adquirir informações distorcidas sobre a Coreia do Norte.
A Coreia do Sul, a décima maior economia do mundo, é uma potência cultural global. Seu produto interno bruto nominal em 2019 foi 54 vezes maior que o da Coreia do Norte, segundo estimativas sul-coreanas.