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Nesta quinta-feira (25), a alta comissária das ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) por supostamente ter intensificado “ataques ao Judiciário e ao sistema eletrônico de voto, incluindo em um encontro com embaixadores em julho”.
De acordo com Bachelet, as falas de Bolsonaro a representantes de outros países naquele mês gerou “fortes reações”.
“Eu tenho que dizer, tendo sido já chefe de Estado, que um chefe de Estado deve respeitar outros poderes, o Judiciário, o Legislativo, e não ficar vociferando ataques contra outros, porque é essencial para um presidente da República assegurar a democracia”, disse a ex-presidente do Chile, em entrevista à imprensa em Genebra, na Suíça.
Ela também se disse “realmente” preocupada com “relatos de aumento da violência política” no Brasil e citou a morte do petista Marcelo Arruda por um apoiador de Bolsonaro em Foz do Iguaçu (PR), em julho.
“Nós estamos acompanhando de perto o respeito aos direitos fundamentais e à liberdade durante e depois das eleições”, afirmou a chilena.
A comissária da ONU classificou ainda como “preocupante” que Bolsonaro tenha chamado seus apoiadores para protestarem “em 7 de Setembro, o aniversário de 200 anos da Independência do Brasil”.
Bachelet comandou o Chile pelo Partido Socialista por dois mandatos, entre 2006 e 2010, no mesmo período em que Lula (PT) presidia o Brasil, e entre 2014 e 2018, durante o Governo Dilma (PT). Ela é próxima dos petistas.
Em 2018, liderou, por exemplo, uma petição para que Lula fosse candidato à Presidência. O documento apontava que sua ausência na disputa seria um fator capaz de abalar a “legitimidade” das eleições brasileiras e que aprofundaria a crise política no país.
Naquele ano, o TSE barrou a candidatura de Lula com base na Lei da Ficha Limpa por conta das condenações do petista na Lava Jato. As condenações seriam posteriormente anuladas pelo Superior Tribunal Federal (STF).
Em setembro de 2019, Bolsonaro criticou a ex-presidente chilena em suas redes sociais após ela apontar a existência de redução da democracia no Brasil e de violação de direitos humanos.
Em sua fala nesta quinta-feira, a alta comissária da ONU afirmou ainda que um presidente, quando é candidato à reeleição, “tem que ser muito cuidadoso para garantir que as pessoas se sintam seguras para ir votar” e classificou como “muito ruim” que um líder político use “uma linguagem que pode ser utilizada em uma direção errada”.
“E não digo isso apenas como alta comissária, mas como alguém que sente que os líderes precisam garantir que o país é capaz de progredir de um jeito que o diálogo e o respeito pelos outros exista”, disse.