A Ucrânia criticou o co-fundador do Pink Floyd, Roger Waters, por alegar que a invasão da Rússia “não foi provocada”.
Em um discurso ao Conselho de Segurança das Nações Unidas feito na quarta-feira (8) a convite da Rússia, Waters disse que condenava a ofensiva de Moscou, descrevendo-a como “ilegal”.
Mas o líder de 79 anos – que já havia elogiado o presidente russo, Vladimir Putin, e criticado o Ocidente por fornecer armas à Ucrânia – deu a entender que a Ucrânia e seus aliados também eram parcialmente culpados pelo conflito.
“A invasão russa da Ucrânia não foi sem provocação. Portanto, também condeno os provocadores nos termos mais fortes possíveis”, disse Waters a diplomatas na cidade de Nova York por meio de um link de vídeo, sem se referir a nenhum indivíduo, grupo ou país específico.
“O único curso de ação sensato hoje é pedir um cessar-fogo imediato na Ucrânia”, acrescentou.
Os comentários de Waters provocaram uma forte repreensão do embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, que acusou o músico de tentar “lavar” as ações de Moscou .
“Em 1979, o Pink Floyd surgiu com uma música, Another Brick in the Wall. No mesmo ano a União Soviética invadiu o Afeganistão e após a invasão foi condenada pelo Pink Floyd”, disse Kyslytsya.
“É irônico, se não hipercrítico, que o Sr. Walters tenta agora encobrir outra invasão. Que triste para seus ex-fãs vê-lo aceitando o papel de apenas um tijolo na parede. O muro da desinformação e propaganda russa.”
Os Estados Unidos, que são o maior apoiador da Ucrânia no Ocidente, também criticaram Waters.
“Fomos reunidos hoje mais uma vez para ouvir outra versão de por que a brutal invasão da Ucrânia pela Rússia é, na verdade, culpa da Ucrânia ou de seus parceiros. Ou, nas palavras de Waters, amigos ucranianos que são provocadores”, disse Richard Mills, vice-embaixador dos EUA na ONU, aos 15 membros do Conselho de Segurança.
“Rejeitamos inequivocamente a noção de culpabilização das vítimas de que a autodefesa da Ucrânia é o obstáculo para o fim desta guerra. Ninguém deseja mais a paz na Ucrânia do que os próprios ucranianos. É a soberania e a integridade territorial da Ucrânia que foi violada, não a da Rússia”, disse ele.