O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, escreveu uma carta ao rei Charles III nesta sexta-feira (5), pedindo ao monarca que visitasse a Prisão de Sua Majestade Belmarsh e observasse as condições de “classe mundial” dentro de suas paredes.
Escrevendo em linguagem sarcástica e floreada, Assange descreveu a prisão de segurança máxima como sendo “apenas uma pequena caçada à raposa do Old Royal Naval College em Greenwich”, dizendo ao rei que deve ser “encantador” ter “um estabelecimento tão estimado com o seu nome.”
“Como prisioneiro político, detido a pedido de Vossa Majestade em nome de um soberano estrangeiro envergonhado, sinto-me honrado por residir dentro dos muros desta instituição de classe mundial”, continuou Assange. “Verdadeiramente, seu reino não conhece limites.”
O jornalista preso descreveu as “delícias culinárias” servidas aos presos sozinhos em suas celas, o uso recreativo de medicamentos prescritos pelos presos, a proibição de jogar xadrez por motivos de “saúde”, infestações de roedores e o suicídio de um de seus amigos – um gay que se enforcou antes de ser deportado para o Brasil.
“Eu imploro a você, rei Charles, que visite a Prisão de Sua Majestade Belmarsh, pois é uma honra digna de um rei”, concluía a carta de Assange. “Ao embarcar em seu reinado, lembre-se sempre das palavras da Bíblia King James: ‘Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles obterão misericórdia’ (Mateus 5:7). E que a misericórdia seja a luz que guia seu reino, dentro e fora dos muros de Belmarsh.”
Assange foi preso pelas autoridades britânicas em 2019, depois que o Equador revogou seu status de asilo e permitiu que policiais o retirassem da embaixada do país em Londres, onde estava abrigado desde 2012. No dia de sua prisão, o Departamento de Justiça dos EUA abriu o selo uma acusação de várias acusações contra Assange, atingindo-o com 17 acusações sob a Lei de Espionagem, que pode levar à pena de morte.
Assange está atualmente lutando contra um pedido de extradição de Washington, e seus advogados recorreram de uma decisão anterior autorizando a extradição, com base em sua saúde debilitada.
As acusações contra Assange surgiram de suas comunicações com denunciantes, principalmente Chelsea Manning, que em 2010 forneceu ao WikiLeaks materiais classificados alegando crimes de guerra dos EUA no Iraque e no Afeganistão. Embora Assange não tenha hackeado pessoalmente esses materiais, ele ainda foi cobrado por seu papel na publicação deles.
Meios de comunicação, celebridades, ativistas da liberdade de expressão e alguns políticos americanos e internacionais pediram ao presidente dos EUA, Joe Biden, que retirasse as acusações contra Assange.