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Dezenas de milhares de pessoas marcharam neste domingo (12) em Paris e em outras cidades da França contra o antissemitismo, que aumentou no país no último mês devido ao conflito entre Israel e o Hamas.
A manifestação em Paris, organizada pelo presidente do Senado, Gérard Larcher, e pela presidente da Câmara dos Deputados, Yael Braun-Pivet, reuniu cerca de 100 mil pessoas, segundo a polícia.
“Nossa agenda hoje é… a luta total contra o antissemitismo, que é o oposto dos valores da república”, disse Larcher.
A tensão aumentou na capital francesa, que abriga grandes comunidades judaicas e muçulmanas, após o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro, seguido de um mês de bombardeios israelitas na Faixa de Gaza.
Paralelamente à manifestação de Paris, foram realizadas mais de 70 manifestações contra o antissemitismo em toda a França.
“Nunca pensei que um dia teria de manifestar-me contra o antissemitismo”, disse Johanna, 46 anos, secretária médica do subúrbio parisiense de Seine-Saint-Denis. Ela disse que o motivo de sua vinda foi “não ter medo de ser judia”.
Na véspera da marcha, o presidente Emmanuel Macron condenou o “insuportável ressurgimento do anti-semitismo desenfreado” no país.
“Uma França onde os nossos cidadãos judeus têm medo não é a França. Uma França onde os franceses têm medo por causa da sua religião ou da sua origem não é a França”, escreveu ele numa carta publicada no jornal Le Parisien.
O ataque do Hamas em 7 de outubro matou cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, em Israel, segundo as autoridades israelenses. A campanha aérea e terrestre israelense em resposta deixou mais de 11 mil mortos em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas.
A França registrou quase 1.250 atos antissemitas desde o ataque.
Macron disse que compareceria à marcha apenas “no meu coração e nos meus pensamentos”. Condenou a “confusão” em torno da manifestação e disse que esta estava a ser “explorada” por alguns políticos para os seus próprios fins.
O partido de extrema esquerda La França Insumisa (LFI) declarou dias antes que boicotaria o evento, ao qual o Rally Nacional (RN) de extrema direita pretende participar.
O líder da LFI, Jean-Luc Mélenchon, rejeitou a marcha como uma reunião de “amigos de apoio incondicional ao massacre” dos palestinos em Gaza.
Outra manifestação contra o antissemitismo organizada pela LFI no oeste de Paris foi interrompida na manhã de domingo por contramanifestantes, que o Conselho Representativo das Instituições Judaicas Francesas (CRIF) apoiou numa declaração no Twitter.
A líder da extrema direita, Marine Le Pen, declarou que a marcha também deveria servir para se opor ao “fundamentalismo islâmico”, um dos temas favoritos do seu partido anti-imigração.
A Reunião Nacional (RN) foi conhecida durante décadas como Frente Nacional (FN), liderada por seu pai, Jean-Marie Le Pen, um negador condenado do Holocausto.
“Estamos exactamente onde precisamos de estar”, disse Le Pen aos jornalistas pouco antes do início da marcha, chamando quaisquer objeções de “objecções políticas mesquinhas”.
Um grupo de manifestantes da organização judaica de esquerda Golem tentou brevemente impedir Le Pen de participar da marcha, mas foi impedido pela polícia.
O líder comunista Fabien Roussel disse que “não marcharia ao lado” do RN. Ele disse que o partido de extrema direita foi fundado por pessoas “repetidamente condenadas por comentários antissemitas” e que “colaboraram” com a Alemanha nazista.
Outros partidos de esquerda, bem como organizações de juventude e de defesa dos direitos, marcharão atrás de uma bandeira comum separada da extrema direita.
(Com informações da AFP)