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Rússia atacou instalações de energia elétrica em grande parte da Ucrânia, incluindo a maior central hidroelétrica do país, resultando em cortes generalizados e na morte de pelo menos três pessoas, conforme relatado pelas autoridades nesta sexta-feira.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou que no ataque foram utilizados mais de 60 drones e cerca de 90 foguetes.
A ofensiva ocorreu um dia depois que a Rússia lançou 31 mísseis em um único ataque contra Kiev. Foi o maior assalto à infraestrutura energética da Ucrânia este ano e um dos maiores desde o início da guerra, segundo as autoridades ucranianas.
“No inverno passado, os ataques ao nosso sistema energético não foram tão grandes como os desta noite”, declarou o chefe da empresa de fornecimento de energia Ukrenergo, Volodimir Kudrytskyi.
No inverno passado, a Rússia atacou deliberadamente a infraestrutura energética da Ucrânia, resultando em frequentes apagões em todo o país. Muitos haviam alertado que a Rússia poderia repetir essa estratégia neste inverno. Mas, em vez disso, lançou ataques massivos com mísseis e drones principalmente contra a indústria de defesa ucraniana.
Cada ataque aéreo em larga escala enfraquece a capacidade da Ucrânia de repelir os mísseis russos. Zelensky tem instado os aliados ocidentais da Ucrânia a fornecerem mais sistemas de defesa antiaérea e munições, em meio aos atrasos na ajuda dos Estados Unidos.
“Com os mísseis russos não há atrasos, como com os pacotes de ajuda ao nosso Estado. Os xiitas não são indecisos, como alguns políticos. É importante entender o custo dos atrasos e das decisões adiadas”, disse Zelensky, referindo-se aos drones Shahed, de fabricação iraniana, que a Rússia utiliza amplamente na guerra.
Os ataques causaram um incêndio na central hidroelétrica de Dnipro, que fornece eletricidade para a central nuclear de Zaporizhzhia, a maior instalação nuclear da Europa.
Rafael Grossi, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, declarou na sexta-feira cedo que a principal linha de energia externa da central foi cortada, mas o operador ucraniano de energia nuclear esclareceu que foi restabelecida várias horas depois.
A central está ocupada por tropas russas, e os combates ao seu redor têm sido uma preocupação constante devido ao risco de um acidente nuclear.
A autoridade hidroelétrica do país afirmou que a barragem da central hidroelétrica não corre perigo de rompimento. Uma ruptura na barragem não apenas poderia interromper o fornecimento à central nuclear, mas também poderia causar graves inundações semelhantes às do ano passado, quando uma importante barragem desabou em Kajovka, rio abaixo no Dnieper.
Três pessoas morreram e pelo menos oito ficaram feridas no ataque russo, afirmou o governador regional de Zaporizhzhia, Ivan Fedorov.
Os ataques contra instalações energéticas na região de Kharkiv resultaram em apagões na segunda maior cidade do país e interromperam os sistemas críticos de sirenes antiaéreas. O governador regional, Oleh Syniehubov, disse que a polícia informaria os residentes sobre possíveis ataques aéreos por meio de alto-falantes e walkie-talkies, e que alertas seriam enviados para os telefones celulares.
Outros ataques foram relatados em áreas do oeste da Ucrânia, longe das linhas de frente. Duas pessoas morreram na região de Khmelnytskyi, segundo o Ministério do Interior.
Os cortes de eletricidade deixaram 1.060 mineiros presos na região de Dnipropetrovsk e estava em andamento o processo de evacuação, conforme a empresa privada de energia DTEK.
“O mundo vê os objetivos dos terroristas russos da maneira mais clara possível: centrais elétricas e linhas de energia, uma barragem hidroelétrica, prédios residenciais comuns, até mesmo um ônibus elétrico. A Rússia está combatendo a vida cotidiana das pessoas”, disse Zelensky no Telegram.
Autoridades russas indicaram na sexta-feira que uma pessoa morreu e pelo menos três ficaram feridas em bombardeios ucranianos em áreas próximas à fronteira.
O governador da região de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, afirmou que uma mulher morreu quando um projétil caiu perto enquanto ela passeava com seus cachorros e que outras duas ficaram feridas. A cidade de Tetkino, na região de Kursk, foi bombardeada e uma pessoa ficou ferida, segundo o governador Roman Starovoit.
Ambas as regiões têm sido alvo de bombardeios e ataques com drones nas últimas semanas, e as autoridades declararam que tentativas dos combatentes ucranianos de cruzar para o território russo foram repelidas.
(Com informações da AP)