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O colapso de uma importante ponte de Baltimore e seus efeitos cascata podem resultar no maior pagamento de seguro marítimo da história, disse nesta quinta-feira (28) o presidente da gigante do setor, Lloyd’s of London.
Analistas preveem que as perdas seguradas pelo desastre cheguem a bilhões de dólares, após um enorme navio de carga colidir com a Ponte Francis Scott Key na terça-feira. Seis pessoas são presumidamente mortas.
“Estamos começando a mobilizar recursos para antecipar que esse será um evento de grande impacto para a indústria. E para o mercado do Lloyd’s, vai levar algum tempo para que a complexidade da situação se desenrole”, disse Bruce Carnegie-Brown ao programa “Squawk Box Europe” da CNBC.
“Portanto, é muito cedo para cravar um número. A essa altura, não prevejo que esteja fora do nosso planejamento realista para cenários de desastre. Parece uma perda muito substancial, potencialmente a maior perda marítima segurada de todos os tempos, mas não fora dos parâmetros que planejamos.”
Carnegie-Brown acrescentou que, embora haja claramente reivindicações para o navio, carga e ponte, são os “impactos de segunda ordem” que se tornariam “substanciais”.
“Muitos negócios serão interrompidos, as cadeias de suprimentos serão interrompidas por navios presos dentro do porto e, claro, navios que tentavam acessar o porto e não podem mais. Esses efeitos de segunda ordem levarão algum tempo para serem resolvidos”, disse ele.
Baltimore é o 11º maior porto dos EUA e o mais movimentado do país para a importação e exportação de carros e caminhonetes leves. As operadoras da cadeia de suprimentos estão lutando para minimizar o impacto no comércio exterior.
Analistas da Morningstar DBRS disseram em nota na quarta-feira que as perdas seguradas podem totalizar entre US$ 2 bilhões e US$ 4 bilhões, dependendo do tempo que o porto ficar bloqueado. Tal valor superaria o valor mais alto atualmente, pago pelo capotamento do navio de cruzeiro Costa Concordia em 2012.
É provável que várias apólices de seguro sejam acionadas em relação a responsabilidade marítima e casco, propriedade, carga e interrupção de negócios.
“Apesar das pesadas perdas seguradas, esperamos que elas permaneçam administráveis para o setor de seguros, pois envolverão um grande e diversificado grupo de seguradoras e resseguradoras bem capitalizadas”, disse a Morningstar.
O Barclays estima os potenciais pedidos de indenização de seguro entre US$ 1 bilhão e US$ 3 bilhões.
O navio porta-contêtores com bandeira de Singapura foi fretado pela gigante dinamarquesa de navegação Maersk e transportava carga de seus clientes, mas era operado pela empresa de navios fretados Synergy Group. Relatórios iniciais sugerem que o navio perdeu energia antes de atingir a ponte.
Investigações serão realizadas por autoridades de Cingapura e dos EUA para estabelecer a responsabilidade legal, como parte de um processo complexo que pode levar meses ou anos.
A Maersk terá cobertura de responsabilidade como locatária, em vez de operadora do navio, disse David Osler, analista principal de transporte e commodities da Lloyd’s List Intelligence, à CNBC no início desta semana.
Várias montadoras globais disseram que estão avaliando o impacto da tragédia em suas operações e esperam ter que redirecionar o comércio, aumentando assim alguns prazos de entrega. Muitas afirmam que não preveem grandes interrupções no momento.