Na manhã desta quinta-feira, misseis russos atingiram a segunda maior cidade da Ucrânia, no nordeste do país, deixando pelo menos sete civis mortos, segundo autoridades locais. Os ataques ocorrem em meio a uma intensa ofensiva transfronteiriça das forças russas, mais numerosas e bem equipadas, enquanto o exército ucraniano luta para conter o avanço.
Pelo menos 20 pessoas ficaram feridas após os mísseis S-300 atingirem a cidade de Kharkiv, conforme relatou o governador regional Oleh Syniehubov. As explosões ecoaram pela cidade, que tem cerca de um milhão de habitantes, e as mortes ocorreram após os mísseis atingirem uma grande gráfica na cidade.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, classificou o ataque como “extremamente cruel” e expressou sua frustração por não ter recebido sistemas de defesa antiaérea suficientes dos parceiros ocidentais do país para evitar os bombardeios, após mais de dois anos de guerra contínua.
Kharkiv, capital da região de mesmo nome, fica a cerca de 20 quilômetros da fronteira russa. Nas últimas semanas, as tropas de Moscou avançaram sobre vilarejos na região como parte de uma ampla ofensiva, buscando posicionar-se ao alcance da artilharia da cidade.
O avanço russo representa a maior prova para a Ucrânia desde a invasão em larga escala de Moscou em fevereiro de 2022, com as forças ucranianas superadas em número e armamento em vários pontos ao longo da linha de frente de cerca de 1.000 quilômetros que serpenteia pelo leste do país.
Com Kiev carente de defesas aéreas e à espera de mais apoio militar ocidental, o exército ucraniano foi forçado a recuar em alguns pontos enquanto a Rússia bombardeava a rede elétrica e áreas civis. Kiev sofreu novos cortes de energia na quinta-feira.
O Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, destacou a urgência de mais sistemas Patriot, dos EUA, para proteger o país. A Alemanha prometeu recentemente um desses sistemas, mas conseguir mais seis é fundamental para a sobrevivência do país e a paz na Europa.
Os Estados Unidos devem anunciar na sexta-feira uma ajuda militar adicional de 275 milhões de dólares para a Ucrânia, segundo autoridades americanas, mas nenhum sistema de defesa aérea parece estar incluído no pacote.
Os recentes combates se concentraram em Kharkiv e na vizinha região de Donetsk, onde as forças ucranianas recuaram do bastião de Avdiivka em fevereiro. Para o Kremlin, controlar toda a Donetsk é uma prioridade.
Enquanto isso, em um aparente esforço para esticar as forças ucranianas, as tropas russas realizaram incursões na região norte de Sumy. Cerca de 1.500 pessoas, incluindo 200 crianças, foram evacuadas de Bilopillia e Vorozhba.
Os confrontos continuam em toda a região fronteiriça, conforme destacou Zelensky em discurso na quarta-feira. Os avanços russos têm sido graduais, enquanto a Ucrânia também direciona seu foco para regiões além da fronteira russa.
(Com informações da AFP)