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A cúpula de dois dias na Suíça, dedicada a encontrar uma solução para a guerra na Ucrânia, terminou neste domingo (16) sem um acordo entre as principais potências, que rejeitaram um comunicado conjunto assinado por mais de 80 países e organizações internacionais.
Índia, Arábia Saudita, África do Sul e Emirados Árabes Unidos, todos membros do grupo econômico BRICS e com relações comerciais significativas com a Rússia, participaram da reunião, mas não assinaram a declaração conjunta.
O documento reafirmou o compromisso dos signatários de “abster-se da ameaça ou uso da força contra a integridade territorial ou independência política de qualquer estado, os princípios de soberania, independência e integridade territorial de todos os estados, incluindo a Ucrânia, dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas”.
A presidente da Suíça, Viola Amherd, declarou no encerramento da cúpula na cidade de Buergenstock que o comunicado final pede pela utilização segura da energia nuclear, proteção das rotas de navegação marítima e o retorno das crianças deslocadas e dos civis detidos ilegalmente. Amherd destacou a necessidade de incluir a Rússia nas futuras negociações e enfatizou que a Carta das Nações Unidas deve ser respeitada.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou na conferência: “O apoio dos líderes mundiais demonstra que o Estado de Direito Internacional pode ser restaurado”. Zelensky disse aos jornalistas, ao lado de líderes da União Europeia, Gana, Canadá, Chile e Suíça, que era “importante que todos os participantes da cúpula apoiem a integridade territorial da Ucrânia porque não haverá paz duradoura sem integridade territorial”.
Entre as autoridades presentes estavam líderes da Argentina, Canadá, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Itália, Japão, Holanda, Polônia, Suécia e Reino Unido. A declaração final foi apoiada pela maioria dos mais de 90 países que participaram do evento. No entanto, algumas nações, como o México, não assinaram o documento. A ministra das Relações Exteriores mexicana, Alicia Barcena Ibarra, afirmou que não havia apoio internacional para qualquer iniciativa de paz.
Alguns aliados europeus enfatizaram a necessidade de um alcance mais amplo. A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, anunciou um pacote de ajuda de US$ 1,5 bilhão destinado a despesas humanitárias e à reconstrução da infraestrutura de Kiev. “Esse comparecimento de alto nível mostra uma coisa, o mundo se importa profundamente com a guerra provocada pela agressão da Rússia”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Apesar do forte apoio entre as democracias ocidentais, houve dúvidas sobre o que poderia ser alcançado, já que nem a Rússia nem a China estavam presentes. O comunicado divulgado neste domingo (16) indicava que os signatários haviam firmado vários outros acordos, incluindo o princípio de que a Ucrânia deveria ter a possibilidade de controlar suas próprias centrais nucleares, incluindo a Central Nuclear de Zaporizhzhia, ocupada pela Rússia, e que o Kremlin se absteria do uso ou ameaça de uso de armas nucleares. As partes também afirmaram que todas as crianças e civis deslocados ilegalmente devem ser devolvidos à Ucrânia.
Na sexta-feira (14), um dia antes do início da cúpula, o presidente russo Vladimir Putin reafirmou o plano de paz do Kremlin, que inclui a retirada das tropas ucranianas de quatro regiões do sul e leste da Ucrânia que Moscou afirmou ter anexado e a exigência de que Kiev abandone sua tentativa de ingressar na OTAN. O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, que viajou com Harris para a Suíça, rejeitou a proposta de paz de Putin, classificando-a como uma “visão completamente absurda”. Sullivan acrescentou durante a sessão plenária de encerramento que atender às exigências de Moscou tornaria Kiev ainda mais vulnerável a novas agressões.