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Um momento crucial na França: os eleitores estão se dirigindo às urnas neste domingo (30) para o primeiro turno das eleições legislativas, um evento cheio de suspense que poderia potencialmente alterar significativamente o cenário político do país.
Liderado por Jordan Bardella, de 28 anos, o partido Rassemblement National (RN) está à frente nas pesquisas de intenções de voto, com percentuais variando entre 34% e 37%, com a possibilidade de alcançar uma maioria relativa ou absoluta em 7 de julho, no segundo turno. De acordo com as pesquisas, que devem ser interpretadas com cautela devido à incerteza envolvida, o RN está à frente da coalizão de esquerda Nouveau Front Populaire (NFP), que oscila entre 27,5% e 29%, e da coalizão centro-direita, que tem entre 20% e 21%.
Se Jordan Bardella se tornar primeiro-ministro, será a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial que um governo de extrema-direita assume a liderança na França. O presidente Emmanuel Macron provocou uma reviravolta política ao anunciar a dissolução da Assembleia Nacional logo após o fracasso de seus partidos nas eleições europeias em 9 de junho, uma decisão considerada de alto risco.
Apesar das divergências internas, a esquerda conseguiu formar uma coalizão nos dias seguintes. No entanto, as disputas entre La France Insoumise (LFI) e seus parceiros (socialistas, ecologistas, comunistas), especialmente em torno de Jean-Luc Mélenchon, ex-candidato à presidência e figura controversa, têm sido frequentes e têm marcado a campanha eleitoral.
Enquanto isso, a campanha do RN, focada em questões como poder de compra e imigração, parece não ter sido afetada por polêmicas sobre a reforma das aposentadorias de Macron, debates sobre binationais, ou declarações controversas de seus candidatos. Resta saber se os eleitores franceses vão contrariar as previsões dos pesquisadores ao final dessas três semanas de campanha eleitoral intensa.
A participação eleitoral é esperada com grande expectativa, podendo atingir cerca de 67% dos aproximadamente 49 milhões de eleitores registrados, um aumento significativo em relação aos 47,5% do primeiro turno das eleições legislativas de 2022. Mais de 2,6 milhões de procurações foram emitidas, quatro vezes mais do que há dois anos no mesmo período.
A estratégia do “frente republicano” para evitar a ascensão da extrema-direita tem perdido força ao longo dos anos.
Desde sábado, os eleitores franceses nos territórios ultramarinos e aqueles instalados no continente americano já estão votando, com uma participação consideravelmente alta e um sentimento de seriedade. “O que está em jogo é fundamental em uma eleição onde tudo pode mudar”, disse Malika B, uma eleitora de 21 anos entrevistada pela AFP na ilha da Guadalupe.
“Os destinos de um país impactam outros países também, especialmente nesta eleição. Acredito que é muito importante expressar sua voz e exercer o direito de cidadania”, afirmou Antoine Rica, de 34 anos, votando em Montreal, Canadá.
Os resultados do primeiro turno podem ser complexos de interpretar, devido ao alto número de variáveis desconhecidas. Isso inclui o número esperado de triangulares no domingo à noite (com três candidatos qualificados para o segundo turno), que deverá ser significativamente alto. Além disso, há a incerteza sobre o número de desistências entre os turnos, à medida que a estratégia do “frente republicano” enfraquece ao longo dos anos.
Os macronistas estão sob pressão, já que Emmanuel Macron foi eleito presidente apelando duas vezes (em 2017 e 2022) para barrar a extrema-direita. Ele prometeu “clareza total” sobre sua postura na quinta-feira, embora sua inclinação pareça ser por um “nem RN, nem LFI”, uma posição criticada pela esquerda e até dentro de seu próprio campo político.
Na segunda-feira ao meio-dia, ele se reunirá com o primeiro-ministro Gabriel Attal e membros do governo no Palácio do Eliseu, com foco principal nas questões de desistência e na estratégia em relação ao RN.
Com informações da AFP.