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A Bolívia revogou a proibição do uso de criptomoedas, que havia sido imposta em 2020, para enfrentar a escassez de dólares e de combustíveis que têm afetado sua economia, afirmou o presidente Luis Arce.
“Esta é uma medida importante para resolver isso (…), qual é o uso das criptomoedas aqui em nosso país (…) Na verdade, é uma estratégia internacional de não usar mais o dólar, ninguém quer usar o dólar, mas aqui estão pedindo o dólar, enquanto em outros países estão se desfazendo dos dólares”, disse Arce em uma entrevista à agência AFP.
A Bolívia, com uma população de 12 milhões de habitantes majoritariamente indígena, tem enfrentado nas últimas semanas uma crise econômica devido à queda na produção de gás, uma fonte crucial de divisas. O país teve que reduzir as importações de combustível, causando escassez de dólares e desencadeando protestos. O custo de vida também aumentou.
Rica em reservas de gás natural, a Bolívia atribui a acentuada queda na produção à falta de investimento e exploração. O país também possui alguns dos maiores depósitos de lítio do mundo e tem se dedicado a este metal crucial, assinando contratos com empresas russas e chinesas para desenvolver a indústria.
Críticas a Milei
Arce criticou nesta quarta-feira a “conflitividade” de seu homólogo argentino, Javier Milei, argumentando que ela não contribui para uma boa vizinhança, após o presidente argentino ter considerado uma “fraude” a tentativa de golpe militar fracassada em 26 de junho denunciada pelo governo boliviano.
“Não é surpreendente essas declarações do senhor Milei. Ele tem conflitos com a Espanha; tem conflitos com o Brasil, tem conflitos com o Paraguai; teve altercações com o Chile também”, disse Arce.
Milei, um crítico inflexível da esquerda, questionou a veracidade da denúncia do governo de Arce sobre a rebelião militar da semana passada, quando tropas com tanques cercaram por várias horas o palácio presidencial em La Paz antes de se retirarem.
Devido à posição adotada pelo líder argentino, o ministério das Relações Exteriores da Bolívia convocou seu embaixador em La Paz para consultas na segunda-feira.
“É conhecido o fraudado montado na Bolívia e o idiota perfeito, em vez de aceitar seu erro, me critica por deixar sua estupidez à mostra”, escreveu Milei em X, sem mencionar Arce.
“Na verdade, eu não acho que essas declarações ajudem à boa vizinhança; essa conflitividade que ele mostrou”, respondeu o presidente boliviano.
Arce também lamentou que o governante ultraliberal da Argentina agora concorde com o ex-presidente Evo Morales, seu ex-aliado e hoje maior adversário político, que acusou Arce de ter tramado um “autogolpe”.
“O que mais nos surpreende é a coincidência que Milei tem com Evo Morales”, a quem ele “usou como fonte” para desqualificar a rebelião militar, acrescentou Arce, líder do Movimento ao Socialismo (MAS) que foi fundado pelo ex-presidente indígena.
“Eu acredito que Evo ainda está a tempo de decidir de que lado da história ele quer estar (…) porque claramente a posição defendida pelo senhor Milei não é uma posição de esquerda, não é uma posição progressista”, enfatizou o presidente boliviano.
(Com informações da AFP)