Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
O presidente russo, Vladimir Putin, cujo país sofreu vários ataques nos últimos meses, afirmou na quinta-feira (4) que considera os jihadistas talibãs, no poder no Afeganistão, como “aliados na luta contra o terrorismo”.
“Devemos assumir que os talibãs estão no poder em seu país. E nesse sentido, os talibãs são, evidentemente, nossos aliados na luta contra o terrorismo, porque qualquer autoridade está interessada na estabilidade do Estado que governa”, declarou Putin em uma coletiva de imprensa em Astana, a capital do Cazaquistão.
Moscou anunciou em maio sua intenção de retirar o movimento talibã de sua lista de “organizações terroristas”, mais de três anos e meio depois de seu retorno ao poder no Afeganistão, diante da preocupação com um possível contágio jihadista na Ásia Central, que a Rússia considera seu quintal.
Os talibãs, que mantêm laços históricos com a rede jihadista Al Qaeda, estão nessa lista russa desde 2003, o que não impediu Moscou de manter relações com eles ao longo dos últimos anos.
Desde o retorno dos talibãs ao poder em agosto de 2021, a Rússia tem adotado uma postura conciliadora, graças ao compromisso deles em não permitir a instalação de organizações mais radicais.
Putin destacou que o governo talibã “assumiu alguns compromissos”, mas ainda há “questões que precisam de atenção constante dentro do país e por parte da comunidade internacional”.
“Estou certo de que os talibãs também têm interesse em manter a estabilidade no Afeganistão”, declarou.
Desde que voltaram ao poder, os talibãs têm aplicado uma interpretação ultra-rigorosa do Islã e aumentado as medidas repressivas contra as mulheres, uma política descrita pela ONU como “apartheid de gênero”.
A Rússia sofreu vários ataques mortais nos últimos meses, incluindo o atentado à sala de concertos Crocus City Hall em março, que deixou 145 mortos e foi reivindicado pela filial afegã do grupo jihadista Estado Islâmico, que combate o poder talibã.
Além disso, Putin disse que leva a sério os comentários do candidato presidencial dos Estados Unidos, Donald Trump, de que poderia alcançar um rápido fim dos combates na Ucrânia.
“Levamos muito a sério o fato de o senhor Trump, como candidato presidencial, dizer que está pronto e quer encerrar a guerra na Ucrânia”, disse Putin em uma coletiva de imprensa em Astana, acrescentando que “não estava familiarizado” com propostas específicas de Trump.
“Não conheço suas propostas. (…) Mas não duvido de que ele fala com sinceridade e apoiamos isso”, disse o líder do Kremlin durante uma coletiva de imprensa com veículos de comunicação russos em Astana, após a cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCS).
Putin acrescentou que a Rússia “leva a sério” as declarações do candidato republicano à Casa Branca.
Quando questionado se tinha acompanhado o debate eleitoral nos EUA, Putin respondeu que viu apenas “alguns fragmentos”.
Ao mesmo tempo, ele assegurou que os “EUA são uma grande potência” e membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, portanto, Moscou “não é indiferente” ao que acontece naquele país.
“Eles têm muita influência sobre a situação na Ucrânia. Claro, não somos indiferentes ao que acontece lá, mas isso é um assunto interno deles”, enfatizou, em referência às eleições presidenciais nos Estados Unidos.
Há uma semana, o Kremlin expressou confiança de que Trump eventualmente entenderia a proposta russa para a paz na Ucrânia, pois ela “não tem alternativas”.
Durante o debate eleitoral com o atual presidente, Joe Biden, Trump rejeitou a iniciativa apresentada duas semanas antes por Putin para acabar com a guerra na Ucrânia, que envolve a anexação das quatro regiões ocupadas por Moscou, a retirada das tropas ucranianas do leste e sul do país, e a renúncia de Kiev aos planos de adesão à OTAN.
Putin já afirmou em duas ocasiões que o Kremlin prefere a vitória de Biden nas eleições de novembro, pois ele é um líder muito mais previsível do que Trump, o que foi interpretado como um elogio.
Ao mesmo tempo, ele defendeu Trump da perseguição judicial, um processo que considerou “político”, e denunciou fraudes na votação por correio nas eleições presidenciais de 2020.