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O turismo em massa atingiu seu ápice de tumulto em Barcelona, Espanha, no sábado, quando manifestantes jogaram objetos e borrifaram turistas com pistolas d’água e latas de bebidas, gritando “turistas, vão para casa”.
Os manifestantes, irritados com os problemas de longa data da cidade relacionados ao excesso de turismo, usaram fitas semelhantes às utilizadas pela polícia para bloquear entradas de hotéis e cafés nas calçadas do pequeno bairro de Barceloneta, em um esforço simbólico para fechar os estabelecimentos.
Segundo a mídia local, a multidão, que contava com cerca de 3.000 pessoas, também marchou segurando uma grande faixa exigindo que os funcionários da cidade “diminuam o número de turistas agora”.
Vídeos e fotografias mostram pessoas tentando evitar as multidões – algumas saindo de suas mesas no meio da refeição – enquanto outras, incluindo funcionários de restaurantes, discutiam verbalmente com ativistas anti-turismo.
A manifestação coincide com os meses de verão de pico de Barcelona. Em 2023, as taxas de ocupação hoteleira chegaram a quase 80% em julho e agosto, enquanto a cidade de 1,6 milhão de habitantes inchou para acomodar mais de 4 milhões de visitantes, segundo o Conselho Municipal de Barcelona.
No ano passado, a Espanha se recuperou da pandemia com um recorde de 85 milhões de chegadas de visitantes estrangeiros, de acordo com a Associated Press. Apenas a França, com 100 milhões de chegadas, recebeu mais.
Mas a delicada relação entre moradores locais e visitantes havia se deteriorado muito antes disso.
Os hotéis na cidade quadruplicaram de 1990 a 2023 para acomodar um fluxo de viajantes, que saltou de 1,7 milhão para 7,8 milhões durante o mesmo período, de acordo com o Conselho Municipal de Barcelona. Isso sem contar os milhões que viajam para as periferias da cidade, também, observa o conselho.
A cidade também sofre com o peso do Porto de Cruzeiros de Barcelona, à medida que os passageiros de um dia descem na cidade aos milhares. O porto processou cerca de 2,2 milhões de passageiros em 2023, um aumento em relação aos 560.000 em 2000, segundo seu site.
O resultado é uma cidade onde muitos moradores locais não conseguem mais pagar para viver, afirmam os ativistas, principalmente por causa do mercado imobiliário, onde os aluguéis aumentaram 68% na última década, segundo o prefeito de Barcelona, Jaume Collboni.
Collboni anunciou em junho que os aluguéis de curto prazo estilo Airbnb seriam proibidos na cidade até 2028. A medida adicionaria cerca de 10.000 apartamentos de volta ao mercado de aluguéis de longo prazo.
Um relatório publicado pelo Conselho Municipal de Barcelona em 2023, intitulado “Percepção do Turismo em Barcelona”, mostra que mais residentes consideram o turismo benéfico, em vez de prejudicial, para a cidade. No entanto, o número de pessoas que pensam assim tem diminuído ao longo dos anos.
Metade dos 1.860 entrevistados afirmou modificar seus trajetos na cidade por causa dos turistas. “Eles evitam uma ampla área ao redor do centro da cidade (Plaça Catalunya, La Rambla, Bairro Gótico, Raval, Cidade Velha, Waterfront), assim como a área da Sagrada Família. Em termos de espaços específicos, o Parque Güell lidera a lista dos locais deliberadamente evitados.”
Mesmo aqueles que reconhecem a contribuição econômica do turismo estão ficando desiludidos com o número de turistas na cidade, de acordo com o relatório.
“Cada vez mais pessoas acreditam que Barcelona atingiu o limite de sua capacidade turística”, afirma o documento.
*Com informações da imprensa intermacional