O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, afirmou que os Estados Unidos e os países da União Europeia (UE) são “os maiores inimigos dos migrantes” e pediu o “desaparecimento” do Estado norte-americano.
Durante a celebração do 45º aniversário da Revolução Sandinista, na noite de sexta-feira, na Praça da Fé, em Managua, Ortega usou seu discurso para atacar Washington.
Ele criticou o apoio dos EUA a Israel em Gaza e argumentou que, em vez de Palestina, o país que deveria desaparecer é os Estados Unidos. “Se formos seguir essa filosofia, deveríamos pedir o desaparecimento do Estado dos Estados Unidos. O primeiro que deveria desaparecer é esse Estado, que é o maior criminoso que a humanidade tem.”
Ortega também afirmou que “os ianques e os europeus se tornaram os maiores inimigos dos emigrantes”.
Washington acusa o regime da Nicarágua de facilitar a migração irregular para os EUA através de Managua, onde pousam voos charter provenientes de países da África, Ásia e Europa.
Em sua defesa, o ditador sandinista questionou: “E a quem pediram permissão aqueles que chegaram da Europa a esses países (do continente americano)?”
Ortega acrescentou que os europeus que colonizaram o continente americano há mais de 500 anos “não eram emigrantes”, mas sim “vieram para invadir esses países para roubar as terras de nossos antecessores”.
“E a quem pediram permissão para invadir o território norte-americano, o que hoje é os Estados Unidos e o Canadá? A quem pediram permissão? Eles decidiram ir para lá, começaram por assassinar a população indígena e depois ocuparam terras, cresceram em riquezas e desenvolveram essa força de trabalho com escravos”, criticou em seu discurso transmitido na televisão.
Para Ortega, “essa guerra” que os Estados Unidos e a UE “têm contra os emigrantes vai contra os direitos humanos de poder se deslocar para qualquer lugar da Terra, e é um direito que as potências lhes negaram.”
O governo do presidente dos EUA, Joe Biden, tem alertado sobre migrantes cubanos, haitianos e de países africanos que usam voos charter para a Nicarágua para, a partir dali, seguir por terra até a fronteira do México com os Estados Unidos.
No final de fevereiro, o governo Biden anunciou que ampliaria suas restrições de visto para operadores de transporte aéreo, terrestre e marítimo que facilitem voos de migrantes para a Nicarágua.
A rota pelo país centro-americano teve um aumento significativo recentemente, de acordo com dados oficiais.
Em outra parte de seu discurso, Ortega reiterou seu apoio à campanha militar russa na Ucrânia e confiou na vitória de Moscou. Nesse sentido, chamou os países europeus de “colonialistas”, “criminosos” e “assassinos” por armarem as forças nazistas e fascistas na Ucrânia.
Ele também condenou os “abusos e ataques perpetrados” por Israel contra o povo palestino e criticou a inação do Sistema das Nações Unidas.
Além disso, Ortega, que mantém uma retórica antiamericana, se pronunciou a favor do grupo de economias emergentes BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), ao qual a Nicarágua busca se unir.
(Com informações da EFE)