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O Panamá e o Peru foram os primeiros países a adotar medidas concretas após a contestadíssima reeleição do ditador Nicolás Maduro. As decisões saíram nesta segunda-feira (29). O Panamá retirou seus diplomatas de Caracas e suspendeu as relações bilaterais, enquanto o Peru convocou o embaixador na Venezuela para consultas.
O órgão eleitoral venezuelano declarou Nicolás Maduro como vencedor das eleições de domingo para um terceiro mandato consecutivo de seis anos, apesar das alegações de fraude. A oposição, por sua vez, afirmou que seu candidato, Edmundo González Urrutia, foi o verdadeiro vencedor.
“O governo do Panamá anuncia a retirada do corpo diplomático da Venezuela e coloca em suspenso as relações diplomáticas enquanto não for realizada uma revisão completa das atas e do sistema de informática do escrutínio da votação que permitam conhecer a genuína vontade popular”, disse o presidente panamenho, José Raúl Mulino, em entrevista coletiva nesta segunda.
“Por respeito à História do Panamá, por respeito aos milhares de venezuelanos que escolheram nosso país para viver e por respeito às minhas convicções democráticas, não posso permitir que meu silêncio se torne cumplicidade”, continuou.
De acordo com Mulino, “os regimes que não respeitem os direitos humanos e violem liberdades não merecem reconhecimento diplomático”.
Ambos os países não têm embaixadores, mantendo apenas encarregados de negócios para relações bilaterais.
O presidente panamenho também criticou o fato de que “apenas 0,13% dos (venezuelanos) residentes no exterior foram habilitados para votar”, denunciando ainda “uma demora extensa no processo de contagem, a privação de acesso aos dados para os setores opositores e a falta de observadores internacionais imparciais como há em todos os países democráticos do continente”.
Mulino também descreveu o governo de Maduro como um “regime ditatorial”. O panamenho ainda anunciou que pedirá uma reunião urgente dos ministros das Relações Exteriores da Organização dos Estados Americanos (OEA) para avaliar a situação.
Outros países latino-americanos também anunciaram que vão recorrer à OEA para discutir a situação na Venezuela.
O ministro das Relações Exteriores do Peru, Javier González Olaechea, também condenou “em todos os seus extremos a soma das irregularidades com o desejo de fraude por parte do governo da Venezuela”, escreveu em uma postagem no X.
“O Peru não aceitará a violação da vontade popular do povo venezuelano”, acrescentou o ministro peruano.
O chanceler ainda anunciou que “dados os gravíssimos anúncios oficiais das autoridades eleitorais venezuelanas, foi providenciada a convocação imediata para consultas do embaixador peruano credenciado junto à República Bolivariana da Venezuela”, indicando que o representante sairá de Caracas ainda nesta segunda.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo chavismo, declarou Maduro oficialmente vencedor na tarde de hoje.