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Putin descarrega sua ira contra as vacas ucranianas

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No vilarejo ucraniano de Basivka, localizado a apenas dois quilômetros da região russa de Kursk, onde a incursão de Kiev já está no seu sétimo dia, restam apenas alguns poucos residentes locais.

O fazendeiro Yurii Malovanyi é um deles. Ele contou que sua fazenda de laticínios foi atingida duas vezes por bombas de fragmentação russas, transformando-a em um abatedouro após o segundo ataque.

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“Entramos na casa. Como quase não há cobertura de internet móvel nem eletricidade, comecei a verificar rapidamente as notícias no aplicativo de mensagens Telegram, que baixei no meu telefone. Deitei no sofá para ler as notícias, mas fui interrompido pela explosão. Tudo estava destruído. Tinha consertado tudo há apenas um mês”, relatou ele à Reuters.

Os bezerros permaneceram nos recintos ao lado dos cadáveres das vacas. Malovanyi disse que o gado que sobreviveu ao ataque ficou ferido. Relutante em fugir, ele finalmente decidiu partir e levar o gado ferido para um lugar seguro.

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“Não fugi, moro aqui há três anos, independentemente de haver ataques ou não. Não sou um emigrante nem um refugiado que foge. Fiquei aqui na terra. Sem manobras. Nem pensava em partir”, afirmou. “Se não tivesse sido destruído, eu teria ficado aqui.”

“Planejava alimentar as vacas com o grão. Mas o grão ficará aqui, assim como as vacas mortas”, concluiu, resignado.

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O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, declarou no domingo que a Rússia lançou neste verão cerca de 2.000 ataques transfronteiriços contra a região ucraniana de Sumy a partir da região de Kursk.

Yurii Oliynyk, outro fazendeiro de Basivka, proprietário de cerca de 40 vacas, recusou-se a abandonar seus animais, apesar dos apelos das autoridades regionais para evacuações obrigatórias.

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“Não posso deixá-las para trás. Evacuamos os gatos, mas é impossível deixar as vacas. Um gato ou um cachorro podem encontrar comida em algum lugar. Mas as vacas precisam ser alimentadas e ordenhadas”, disse ele. “Cresci aqui, nasci aqui. Esta é minha terra, minhas raízes. E não quero ver nenhum ‘katsap’ (termo pejorativo para russos, nota do editor) aqui. Sou legislador local e concordamos que eu seria o último a ir embora. Ainda não sou o último a permanecer aqui.”

O fazendeiro também falou sobre a vida em uma área frequentemente alvo de ataques russos. Ele disse que a ofensiva ucraniana na região vizinha de Kursk, ao afastar a linha de frente, reduziu os ataques de artilharia das tropas de Putin.

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“Os katsaps pararam de bombardear a área porque foram afastados da fronteira para uma distância maior que o alcance da artilharia. Só atacam com bombas de fragmentação”, disse ele. “Não conseguem nos alcançar com fogo de artilharia. Agora está tudo tranquilo. No passado, costumávamos correr de um arbusto para outro para nos esconder dos drones, porque eles os usavam para nos atingir.”

“Até que os afastemos mais, até que haja uma zona de segurança do outro lado da fronteira, nosso território não será seguro”, continuou. “Nos pediram para nos afastarmos 2, 5, 10 km da fronteira. Imaginem a qualidade do solo aqui e quantos hectares de terra fértil foram desperdiçados. Como vou deixá-la para esses ‘coyotes’? Para quê? Precisamos estabelecer uma zona de amortecimento do outro lado da fronteira. Não precisamos das terras deles, mas nunca os perdoaremos.”

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Nos últimos dias, voluntários ucranianos evacuaram dezenas de moradores do norte da região de Sumy, em previsão de mais ataques russos em resposta à incursão militar transfronteiriça da Ucrânia na região de Kursk.

As forças ucranianas cruzaram a fronteira russa na última terça-feira e varreram algumas áreas ocidentais da região russa de Kursk, um ataque surpresa que pode ter como objetivo ganhar influência nas possíveis negociações sobre um cessar-fogo após as eleições de novembro.

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Os russos também evacuaram mais de 120 mil pessoas nas regiões vizinhas de Belgorod e Kursk, diante da incapacidade do Kremlin de repelir o maior ataque em solo russo desde a Segunda Guerra Mundial.

(Com informações da Reuters)

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