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O alto representante da União Europeia para Assuntos Exteriores e Política de Segurança, Josep Borrell, voltou a exigir a publicação das atas eleitorais da Venezuela e alertou que, se Nicolás Maduro continuar afirmando que venceu sem uma verificação, o país “pode entrar em uma grave crise”.
“Se Maduro insistir em dizer que venceu e não quiser entender que, para a comunidade internacional, sem verificação não há aceitação dos resultados, a Venezuela pode entrar em uma grave crise. Estamos todos tentando evitar que isso aconteça”, afirmou Borrell, que compareceu à imprensa nesta segunda-feira.
O chefe da diplomacia europeia considera “claro” que Maduro “se recusa a mostrar as atas”. “Já deveria ter feito isso, teve tempo suficiente”, acrescentou.
Borrell reiterou que “se não houver verificação dos resultados, os resultados não podem ser aceitos”.
“Sei que Maduro me dedicou palavras muito carinhosas, não é a primeira vez, mas eu tenho que insistir no mesmo ponto: se os resultados não podem ser verificados, não podem ser aceitos e, por enquanto, não são verificáveis. Melhor dizendo, são verificáveis através das informações fornecidas pela oposição”, insistiu, mencionando que a oposição venezuelana conseguiu reunir “80% ou mais” das atas e que esses dados mostram um resultado “radicalmente diferente do que Maduro proclama”.
Além disso, Borrell chamou de “o cúmulo do sarcasmo” o fato de Maduro ter recorrido ao Tribunal Supremo da Venezuela para que “o defenda”. “Não sei o que eles irão decidir, pois sua função não é contar os resultados eleitorais”, destacou.
O alto representante pediu para que se aguarde o que acontecerá nos próximos dias, embora tenha acrescentado que há mais de 2.000 pessoas detidas e “a repressão está aumentando”, e expressou a confiança de que a comunidade internacional mantenha sua exigência pela verificação dos resultados.
Sobre as negociações, explicou que continuam em andamento e que “inclusive, algum país latino-americano propôs repetir as eleições e compartilhar o poder entre o Governo e a oposição”. “Não sei como se faz isso, mas certamente não será feito nada até que o Tribunal se manifeste”, acrescentou.
O alto representante da União Europeia celebrou na semana passada a publicação do relatório de um painel da ONU sobre as eleições presidenciais na Venezuela, que aponta a “falta de fundamento” dos resultados anunciados pelas autoridades.
“Acolho com satisfação a decisão do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, de tornar público o relatório provisório do Grupo de Especialistas das Nações Unidas”, afirmou Borrell em comunicado após a divulgação do documento.
O funcionário europeu afirmou que “este relatório oportuno esclarece o processo eleitoral e destaca a falta de fundamento dos resultados anunciados pelas autoridades venezuelanas”.
Lembrou que o painel foi convidado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela para avaliar o desenvolvimento geral das eleições no âmbito do Acordo de Barbados.
“Em uma democracia, os resultados devem ser completos e verificáveis de forma independente para serem reconhecidos. Neste momento crítico, a União Europeia reitera seu apelo às autoridades eleitorais venezuelanas para que publiquem e verifiquem de forma independente as atas eleitorais”, enfatizou Borrell.
Ele acrescentou que “a comunidade internacional deve defender o processo democrático e garantir as condições para que o povo venezuelano exerça seus direitos civis e políticos”.
A UE celebra os esforços dos parceiros regionais para “promover um diálogo liderado pela Venezuela que reflita a vontade do povo expressa nas urnas, ofereça garantias a ambas as partes e conduza a uma transição democrática”, conforme afirmou.
(Com informações da EFE)