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O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa da Venezuela (SNTP) denunciou que, nesta tarde, funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN) detiveram a jornalista Ana Carolina Guaita, do jornal La Patilla.
O SNTP divulgou a notícia em sua conta no X: “Denunciamos que, no dia 20 de agosto, a jornalista Ana Carolina Guaita, do La Patilla, foi detida por supostos funcionários do SEBIN. Seus familiares confirmaram que ela foi retirada da urbanização El Rincón em Maiquetía, por volta das 18h.”
Alberto Ravell, proprietário do La Patilla, também expressou sua indignação no X: “Há poucos minutos, em uma operação incomum e sem justificativas racionais para uma investigação, o SEBIN prendeu a jornalista Ana Carolina Guaita Barreto. Rejeitamos as detenções arbitrárias e o assédio contra cidadãos, especialmente contra jornalistas cuja única função é informar.”
O porta-voz do Comando com Venezuela, Perkins Rocha, também se pronunciou sobre o caso: “ALERTA: a repressão política na Venezuela continua. Hoje, em Vargas, sem ordem judicial, Ana Carolina Guaita, jovem jornalista do La Patilla Digital e filha de conhecidos dirigentes políticos estaduais, foi detida ao sair de sua casa. Seu ‘crime’? Trabalhar para reproduzir a verdade.”
A defensora dos direitos humanos e diretora executiva do Casla Institute, Tamara Sujú, destacou a situação em sua conta no X. De acordo com Sujú, Guaita Barreto teria sido “sequestrada em um veículo branco quando estava em frente à sua casa e, por enquanto, seu paradeiro é desconhecido.”
A detenção de Guaita Barreto é relevante devido ao seu vínculo familiar com figuras da oposição política venezuelana, gerando diversas reações no cenário político e midiático. O jornalista Vladimir Villegas acrescentou que “seu único ‘crime’ é ser filha dos dirigentes de oposição, Dr. Carlos Guaita e Xiomara Barreto, ambos do Partido Político Social Cristão Copei.”
Diversas organizações de direitos humanos e entidades de imprensa condenaram a detenção, qualificando-a como um ato de hostilidade e repressão contra a liberdade de expressão. O evento destaca um padrão recorrente de ações contra a imprensa na Venezuela, especialmente desde que Nicolás Maduro se autoproclamou vencedor de eleições amplamente contestadas pela comunidade internacional devido à falta de transparência.
A detenção de Ana Carolina Guaita ocorre em um contexto de crescente tensão política na Venezuela, onde meios de comunicação e jornalistas independentes enfrentam ameaças e atos de intimidação constantes. Organizações internacionais têm denunciado repetidamente esses atos como uma clara violação dos direitos humanos e da liberdade de imprensa.
Entre 29 de julho e 4 de agosto, o Instituto de Imprensa e Sociedade (IPYS) da Venezuela documentou 79 violações à liberdade de imprensa relacionadas à cobertura eleitoral e às manifestações após os resultados das eleições presidenciais. Entre as transgressões relatadas, estavam agressões físicas e verbais (30), discursos estigmatizantes (18), detenções (7), medidas de censura (7), restrições na internet (7), restrições administrativas (6), assédio judicial (3) e limitações de acesso à informação (1).
O Colegio Nacional de Periodistas (CNP), seccional Caracas, também se manifestou, denunciando um aumento na perseguição a trabalhadores da imprensa. A entidade classificou a situação como uma política de Estado implementada pela administração de Nicolás Maduro.
Desde o início das protestas em 29 de julho, pelo menos seis jornalistas foram presos e processados judicialmente sob acusações de terrorismo e incitação ao ódio. Entre os detidos estão o repórter fotográfico Yousnar Alvarado em Barinas; o cinegrafista de VPI Tv, Paúl León, em Trujillo; a repórter gráfica Deysi Peña em Los Teques; o jornalista e ativista político José Gregorio Camero em Valle de La Pascua; e o dirigente de Voluntad Popular, Roland Carreño, e o jornalista Víctor Ugas, ambos em Caracas.
O IPYS destacou que a maioria das violações à liberdade de imprensa se concentra em agressões físicas e verbais, refletindo uma tentativa evidente de intimidar e silenciar os comunicadores. Além disso, os discursos estigmatizantes por parte do poder visam desqualificar o trabalho jornalístico.
O relatório do IPYS também inclui atos de assédio judicial que buscam intimidar aqueles que se arriscam a informar sobre situações críticas. As restrições na internet, embora menos numerosas, são significativas, especialmente em um país onde a censura digital se torna cada vez mais frequente.