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Centenas de milhares de israelenses se reuniram em Tel Aviv na noite deste domingo, com dezenas de milhares mais manifestando-se por todo o país, no maior protesto desde 7 de outubro. A manifestação expressou dor e raiva, com os participantes exigindo um acordo de cessar-fogo que incluísse a libertação dos reféns, após o exército ter recuperado os corpos de seis reféns executados pelo grupo terrorista Hamas.
Os organizadores estimaram que 300.000 pessoas se reuniram em Tel Aviv, enquanto outras 200.000 participaram de protestos em todo o país. A empresa Crowd Solutions estimou que cerca de 280.000 pessoas participaram da manifestação em Tel Aviv, tornando-se o maior comício dos últimos 18 meses. Não houve números oficiais divulgados pela polícia.
O protesto em Tel Aviv começou com uma marcha da Rua Dizengoff até o Portão Begin, no quartel-general das Forças de Defesa de Israel (IDF), onde carregaram seis “caixões simbólicos” em homenagem aos seis corpos recuperados na noite de sábado.
Os corpos de Hersh Goldberg-Polin, 23 anos, Eden Yerushalmi, 24 anos, Ori Danino, 25 anos, Alex Lobanov, 32 anos, Carmel Gat, 40 anos, e Almog Sarusi, 27 anos, foram descobertos em um túnel na cidade de Rafah, no sul de Gaza.
Uma autópsia revelou que eles foram baleados na cabeça e no corpo várias vezes à queima-roupa, entre quinta e sexta-feira pela manhã.
A notícia de seus assassinatos, após quase 11 meses de cativeiro, gerou uma onda de luto e raiva nacional, grande parte dirigida ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusado de atrasar um acordo para libertação dos reféns por razões políticas.
Os manifestantes gritavam “Agora! Agora!” enquanto exigiam que Netanyahu chegasse a um cessar-fogo com o Hamas para trazer os reféns restantes de volta para casa. Outros gritavam: “Queremos eles de volta vivos.”
Os manifestantes carregavam bandeiras israelenses, fitas amarelas em homenagem aos reféns e cartazes pedindo desculpas aos seis reféns mortos.
“Achamos que o governo está tomando essas decisões para sua própria conservação e não para salvar a vida dos reféns, e precisamos dizer a eles: ‘Parem!’”, disse Shlomit Hacohen, uma residente de Tel Aviv.
Aumentando a pressão sobre Netanyahu, o chefe da Federação Histadrut, Arnon Bar-David, declarou uma greve geral para segunda-feira, devido à falha do governo em garantir a libertação dos reféns mantidos em Gaza.
Oradores no protesto em Tel Aviv incluíram parentes dos reféns que ainda estão em Gaza, além de Bar-David e Lior Simcha, secretário-geral do Movimento Kibutz.
Lior Rudaeff, cujo filho Nadav foi morto em 7 de outubro e teve seu corpo levado para Gaza, discursou no protesto, onde acusou o governo de violar seu contrato com o povo de Israel. “Se vocês não tivessem sabotado um acordo repetidamente, 26 reféns que foram assassinados no cativeiro estariam aqui conosco hoje, vivos. Seis deles sobreviveram até a semana passada em um inferno que a maioria de vocês, deputados, não suportaria por um dia”, afirmou.
Einav Zangauker, mãe do refém Matan Zangauker, declarou: “Matan está vivo. Meu filho ainda está vivo. Mas cada dia é uma roleta russa.” Ela acusou Netanyahu de jogar essa roleta “até que todos estejam mortos”, mas garantiu que não permitirão isso. Ela também disse que os seis reféns assassinados “morreram no altar do espólio do Corredor Filadélfia”, referindo-se à fronteira entre Gaza e o Egito, onde o primeiro-ministro insiste que Israel deve manter o controle.
Zangauker dirigiu-se às famílias enlutadas, dizendo: “Vocês não estão sozinhos. O povo de Israel os abraça. O sangue de seus entes queridos não será em vão. Faremos de tudo para trazer todos os reféns para casa.”
Os protestos continuaram, com milhares de pessoas bloqueando a Rodovia Ayalon por três horas, acendendo fogos de artifício, ateando fogo na estrada e colocando pedras, cercas, pregos e objetos de metal no caminho. Alguns manifestantes gritavam: “Bibi está assassinando os reféns”, usando o apelido de Netanyahu.
A polícia declarou o protesto ilegal e usou medidas de controle da multidão para dispersar os manifestantes. Cerca de 30 manifestantes foram presos em Tel Aviv, além de cinco em Jerusalém e outros em diferentes partes do país.
Em Jerusalém, manifestantes também bloquearam uma das principais entradas da cidade, onde entraram em confronto com a polícia que tentava liberar as estradas.
O chefe da Histadrut, Bar-David, prometeu que “o país inteiro vai parar amanhã” e acusou o governo de abandonar o país. “A palavra-chave aqui é abandono”, disse ele.
Após o protesto em Tel Aviv, a namorada de Matan Zangauker, Ilana Gritzewsky, que também foi refém e foi libertada em novembro como parte de um acordo, disse que sabia como era o inferno do cativeiro. Netanyahu “não sabe o que é ter a morte pairando sobre você o dia todo”, disse ela.
Bar-David prometeu usar seu poder para fechar a economia, “quando chegar a hora”. “Essa hora é agora”, afirmou.
Políticos da oposição também participaram das manifestações, com Yair Lapid acusando Netanyahu de priorizar a manutenção da coalizão governista em detrimento da vida dos reféns.
“De tanto amor pelo Estado e pela sociedade israelense, de tanta ansiedade real pelo nosso futuro, vou ao protesto em Tel Aviv esta noite, e convido todos vocês a se juntarem a nós com bandeiras israelenses”, disse Benny Gantz em um vídeo público no domingo.
*Com informações da imprensa local