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O ditador venezuelano Nicolás Maduro afirmou nesta segunda-feira (2) que só entregará o comando do Palácio de Miraflores a um “presidente chavista”. Em um discurso transmitido pela emissora estatal VTV, ele pediu uma “revolução dentro da revolução” para liderar o país nos próximos anos, em meio à crise gerada pelas alegações de fraude nas eleições de 28 de julho, nas quais foi proclamado reeleito para um terceiro mandato. A declaração ocorre pouco após a Justiça emitir um mandado de prisão contra seu rival eleitoral, o opositor Edmundo González Urrutia, a pedido do Ministério Público.
“Eu sou o primeiro presidente chavista e, quando eu entregar o comando, quando chegar a hora, eu o entregarei a um presidente chavista”, afirmou Maduro durante o discurso. “Ninguém pode se considerar indispensável em qualquer cargo ou tarefa, nem mesmo eu. O ego é o terreno fértil para a corrupção, para a traição. Todos nós que estamos aqui estamos vacinados [contra isso]”, acrescentou.
Ao lado de aliados do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Maduro destacou a importância de uma “auto-revisão exaustiva” para melhorar a situação do país, reforçando que a “revolução” vai além de sua própria liderança. “Se eu acreditasse que a revolução dependesse de um só homem eu estaria jogando bola, essa revolução foi feita para não depender de ninguém. O papel que eu tiver que desempenhar eu o farei, vocês sabem que eu não sou covarde e o que eu estou fazendo com o povo de forma inabalável, eu tenho plena consciência”, disse.
Maduro também dirigiu críticas aos Estados Unidos, que apreenderam um avião do presidente venezuelano na República Dominicana, alegando violação de sanções americanas. A aeronave, usada em viagens oficiais, foi levada para a Flórida, aumentando as tensões entre os dois países. O governo de Maduro chamou a medida de “pirataria” e, durante o discurso, afirmou que o “imperialismo norte-americano” não conseguirá se opor ao seu governo “nem com sorrisos nem com gritos”.
Além disso, o ditador atacou a oposição venezuelana, liderada pela ex-deputada María Corina Machado, chamando-a de “fascista” e afirmando que será derrotada “com mais revolução”. Segundo ele, a oposição atual, que defende a vitória de González Urrutia com base em supostas atas de votação, busca entregar o país a uma guerra civil. “Não temos apenas uma oposição golpista de 2002 que derrotamos, nem pitiyanqui [termo pejorativo que significa “pequeno yanqui”, em referência aos EUA] como a de 2004 e 2006, ou a oposição violenta de 2014 e 2017. Agora é uma corrente fascista, criminosa, nazista que quer entregar o território nacional e encher o país de violência para levá-lo à guerra civil. Que ninguém se engane, não é que tenha surgido uma alternativa democrática, ela não existiu e não existe”, declarou Maduro.
Na mesma data, em meio às polêmicas sobre o resultado das eleições, Maduro anunciou que o Natal na Venezuela começará em 1º de outubro. Durante uma participação no Globovisión, canal oficial do governo, ele afirmou que o adiantamento da data é uma “homenagem” e um “agradecimento” ao povo venezuelano.