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O gabinete da Assembleia Nacional da França, composto por 22 deputados, decidiu na tarde desta terça-feira (17) debater uma proposta de destituição do presidente Emmanuel Macron, do partido Renascimento, de centro.
A medida foi aprovada com 12 votos a favor e 10 contra, após ser apresentada pelo partido de esquerda França Insubmissa, em resposta à rejeição de Macron à nomeação de Lucie Castets para o cargo de primeira-ministra.
A proposta também recebeu apoio da coalizão de esquerda Nova Frente Popular, da qual o França Insubmissa faz parte.
Agora, a proposta será encaminhada para análise da Comissão Jurídica da Assembleia Nacional e, em seguida, será levada ao plenário. Mathilde Panot, líder parlamentar da França Insubmissa, celebrou a aprovação em uma publicação no X, antigo Twitter, chamando o episódio de um “acontecimento sem precedentes na história da 5ª República” e convocou a população para um ato contra Macron no dia 21 de setembro.
Gabriel Attal, ex-primeiro-ministro e líder parlamentar do Renascimento, classificou a proposta de destituição como “uma declaração de guerra contra as instituições” francesas.
Marine Le Pen, líder do partido de direita Reagrupamento Nacional (RN), comentou no X que a medida é uma “cortina de fumaça da extrema-esquerda” para disfarçar supostos compromissos com o partido governista, acrescentando que a proposta “não tem chance de sucesso” devido às divisões na esquerda.
Em 5 de setembro, Macron havia nomeado Michel Barnier, dos Republicanos, centro-direita, como novo primeiro-ministro, encerrando um impasse de semanas após as eleições legislativas. A escolha do novo premiê foi complicada pela fragmentação da Assembleia Nacional, onde nenhuma coalizão conseguiu a maioria absoluta.
A Nova Frente Popular, que surpreendeu ao sair vitoriosa do segundo turno das eleições em julho, assegurou 182 cadeiras e defendia a nomeação de Lucie Castets como primeira-ministra, escolha que Macron rejeitou alegando necessidade de manter a estabilidade institucional.
A recusa levou a NFP a acusar o presidente de abuso de poder, argumentando que a decisão desrespeitava o resultado das eleições legislativas.