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O Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS) informou nesta sexta-feira (18) que a Coreia do Norte enviou 1,5 mil soldados das forças especiais para o extremo leste da Rússia, onde estão passando por treinamento e aclimatação em bases militares locais.
Esses soldados, segundo o comunicado, provavelmente serão enviados para combater na guerra na Ucrânia.
O NIS está colaborando com o serviço de inteligência ucraniano e utilizou tecnologia de inteligência artificial de reconhecimento facial para identificar oficiais norte-coreanos na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, onde estariam apoiando as forças russas no lançamento de mísseis norte-coreanos.
Desde agosto do ano passado, a Coreia do Norte enviou mais de 13 mil contêineres contendo projéteis de artilharia, mísseis balísticos e foguetes antitanque para a Rússia.
A agência sul-coreana chegou a essa conclusão com base nos restos de armas recuperados da linha de frente na Ucrânia.
Ao todo, mais de oito milhões de projéteis de artilharia e foguetes foram enviados para a Rússia, segundo o NIS. A cooperação militar entre Rússia e Coreia do Norte, que já havia sido relatada pela mídia estrangeira, foi oficialmente confirmada pela agência de espionagem sul-coreana.
O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, convocou uma reunião de segurança extraordinária com os principais líderes de inteligência, militares e de segurança nacional para discutir o envolvimento das tropas norte-coreanas na guerra. Durante a reunião, foi consenso que a crescente aliança entre Rússia e Coreia do Norte, que evoluiu do fornecimento de armas para o envio direto de tropas, representa uma grave ameaça à segurança não apenas da Coreia do Sul, mas também da comunidade internacional.
O governo sul-coreano afirmou que está monitorando de perto o envio de soldados norte-coreanos à Rússia e responderá a essas atividades com todos os meios disponíveis, embora não tenha especificado quais medidas podem ser tomadas.
A Coreia do Sul tem sido pressionada por aliados ocidentais, como os Estados Unidos, a fornecer armamento letal à Ucrânia, mas ainda não o fez de maneira aberta.
O pesquisador Ramon Pacheco Pardo, do King’s College de Londres, sugeriu que, apesar da seriedade da situação, isso pode não ser suficiente para alterar a postura de Seul.
Ele acredita que a linha vermelha da Coreia do Sul seria a Rússia fornecer apoio à Coreia do Norte de forma a fortalecer substancialmente o programa nuclear e de mísseis de Pyongyang, e não o auxílio militar norte-coreano à Rússia.
Desde o encontro de seus líderes no extremo leste da Rússia no ano passado, a Coreia do Norte e a Rússia aprofundaram significativamente seus laços militares. Em junho, ambos os países assinaram uma parceria estratégica abrangente, incluindo um pacto de defesa mútua.
Tanto a Rússia quanto a Coreia do Norte negam envolvimento em transferências de armas, e o Kremlin rejeitou as alegações sul-coreanas de que tropas norte-coreanas estão apoiando a Rússia na guerra contra a Ucrânia.
De acordo com os dados mais recentes da Coreia do Sul, a Coreia do Norte possui 1,28 milhão de soldados na ativa e tem intensificado o desenvolvimento de mísseis balísticos e de seu arsenal nuclear, aumentando as tensões regionais e atraindo sanções internacionais. Caso o envio de tropas à Rússia seja confirmado, este seria o primeiro envolvimento direto da Coreia do Norte em um conflito desde a Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953.