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A Força Aérea da Turquia atacou nesta quarta-feira (23) alvos de militantes curdos no norte do Iraque e na Síria, em aparente represália a um atentado contra uma importante empresa estatal de defesa, que deixou cinco mortos e mais de 20 feridos.
O Ministério da Defesa turco informou que mais de 30 alvos foram “destruídos” na ofensiva aérea, sem fornecer detalhes sobre os locais atingidos. Foram tomadas “todas as precauções” para evitar danos à população civil.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede em Londres e informantes no país árabe, relatou ataques em Kobane, na província de Alepo, onde pelo menos duas pessoas ficaram feridas.
Os bombardeios ocorreram horas depois que supostos militantes curdos detonaram explosivos e abriram fogo contra a empresa aeroespacial e de defesa TUSAS. Os dois atacantes—um homem e uma mulher—também morreram, segundo o ministro do Interior, Ali Yerlikaya. Pelo menos 22 pessoas, incluindo sete membros da equipe de segurança, ficaram feridas durante o ataque.
Yerlikaya afirmou que se acredita que militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) estejam por trás do ataque à empresa de defesa. O ministro da Defesa, Yasar Guler, também responsabilizou o PKK.
“A esses canalhas do PKK sempre damos o castigo que merecem. Mas eles nunca entram em razão”, disse Guler. “Vamos persegui-los até eliminar o último terrorista”.
A Turquia realiza regularmente ataques aéreos contra o PKK—que tem bases no Iraque—e contra um grupo militante curdo na Síria que é afiliado a esses militantes.
O PKK não se manifestou sobre o ataque.
O grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS) e extremistas de esquerda também já perpetraram atentados na Turquia no passado.
“Condeno este atroz ataque terrorista”, afirmou o presidente turco Recep Tayyip Erdogan durante uma reunião com o presidente russo Vladimir Putin, à margem de uma cúpula dos BRICS na Rússia.
Putin ofereceu suas condolências. Um comunicado da embaixada dos Estados Unidos afirmou que Washington “condena veementemente o ataque terrorista de hoje”.
A TUSAS projeta, fabrica e monta aviões civis e militares, veículos aéreos não tripulados e outros sistemas espaciais e de defesa. Seus drones têm sido fundamentais para que a Turquia ganhe vantagem em sua luta contra os militantes curdos.
O ataque ocorreu um dia após o líder do partido nacionalista de extrema direita da Turquia, aliado de Erdogan, sugerir a possibilidade de conceder liberdade condicional ao líder do PKK, preso, se ele renunciasse à violência e dissolvesse sua organização.
O grupo liderado por Abdullah Ocalan luta pela autonomia no sudeste da Turquia em um conflito que já matou dezenas de milhares de pessoas desde a década de 1980. A Turquia e seus aliados ocidentais consideram-no um grupo terrorista.
O partido político pró-curdo do país, que também condenou o atentado à TUSAS, observou que o ataque ocorreu em um momento em que havia surgido a possibilidade de diálogo para acabar com o conflito.
Mídias turcas relataram que os atacantes chegaram nesta quarta-feira à entrada do complexo da TUSAS em um táxi. Armados com armas de assalto, detonaram um artefato explosivo próximo ao táxi, causando pânico e permitindo sua entrada.
Uma das vítimas foi identificada como a engenheira mecânica Zahide Guclu, que havia ido à entrada buscar flores enviadas por seu marido, informou a agência estatal Anadolu.
O taxista também foi assassinado pelos atacantes, e seu corpo foi encontrado no porta-malas do veículo, segundo a agência.
(Com informações da AP e EP)