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O governo da Polônia celebrou, neste domingo, a possibilidade de que os Estados Unidos autorizem a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance ATACMS contra alvos na Rússia.
“O presidente Joe Biden respondeu com uma linguagem que Vladimir Putin entende”, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, referindo-se aos recentes bombardeios massivos russos e à implicação de tropas norte-coreanas no conflito.
“A vítima de agressão tem o direito de se defender”, acrescentou Sikorski em sua mensagem. “A força dissuade, a fraqueza provoca.”
A possível autorização dos ATACMS representa uma mudança importante na postura de Joe Biden, que anteriormente evitava medidas que pudessem ser interpretadas como uma escalada direta do conflito com Moscou. De acordo com The New York Times e The Washington Post, essa mudança ocorre em resposta aos ataques massivos russos na Ucrânia e ao apoio militar que o Kremlin recebe do regime da Coreia do Norte.
Além disso, ocorre pouco antes da transição presidencial nos Estados Unidos, quando Donald Trump, conhecido por sua postura mais conciliadora em relação à Rússia, assumirá o cargo em janeiro.
Kiev teme que o futuro presidente dos Estados Unidos suspenda a ajuda financeira fornecida ou tente forçar a Ucrânia a chegar a um acordo com a Rússia.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, havia solicitado repetidamente o uso desses mísseis, argumentando que eles permitiriam atacar bases-chave dentro da Rússia, incluindo aquelas onde se concentram soldados norte-coreanos.
“Poderíamos atacar preventivamente se tivéssemos a capacidade de atingir alvos a longa distância”, afirmou Zelensky recentemente. Embora a Casa Branca não tenha confirmado oficialmente a autorização, o líder ucraniano enfatizou: “Os mísseis falarão por si mesmos.”
O presidente ucraniano destacou que “hoje, diversos meios de comunicação informam que recebemos a autorização para tomar as medidas adequadas”. “Mas os bombardeios não acontecem com palavras. Coisas como essas não são anunciadas”, explicou.
Os recentes ataques massivos da Rússia contra a Ucrânia, que incluíram bombardeios nas regiões ocidentais próximas à Polônia, levaram o país a mobilizar rapidamente suas forças defensivas.
De acordo com o Comando Operacional das Forças Armadas Polonesas (DORSZ), caças e sistemas de defesa antiaérea foram ativados para proteger o espaço aéreo polonês.
“As medidas adotadas têm como objetivo garantir a segurança nas áreas limítrofes com as zonas ameaçadas”, informou o comando em um comunicado.
Horas depois, com o cessar dos bombardeios russos, as operações aéreas voltaram ao normal, embora as forças polonesas continuem em estado de alerta.
“O Comando Operacional monitora continuamente a situação no território ucraniano para garantir a segurança do espaço aéreo polonês”, concluiu o comunicado.
O uso de mísseis ATACMS representa uma capacidade adicional para a Ucrânia que pode alterar o equilíbrio do conflito. Esses sistemas permitem atacar profundamente dentro do território russo, algo que Vladimir Putin advertiu ser considerado uma declaração de guerra por parte da OTAN.
A ameaça de Putin
Nesse contexto, o líder do Kremlin já alertou o Ocidente sobre as consequências de autorizar a Ucrânia a usar armas de longo alcance para ataques em território russo, disse o governo russo neste domingo, após informações publicadas pela imprensa norte-americana indicando que Joe Biden já teria dado a respectiva autorização.
“O presidente já se pronunciou sobre isso”, disse de forma concisa ao portal RBC a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zajárova, em aparente referência a declarações de Vladimir Putin de setembro passado, que nos últimos dias foram reproduzidas por diversos meios russos.
O presidente russo afirmou então que, se o Ocidente autorizasse ataques dentro da Rússia com seus mísseis de longo alcance, isso mudaria a “essência” e a “natureza” do conflito na Ucrânia.
“Isso significará que os países da OTAN, os EUA e os estados europeus estão em guerra com a Rússia”, advertiu Putin em 13 de setembro.
Nesse sentido, Putin havia alertado que a Rússia poderia usar armas nucleares se fosse atacada com mísseis convencionais e que Moscou consideraria qualquer ataque apoiado por uma potência nuclear como um ataque conjunto.
“A agressão contra a Rússia por qualquer estado não nuclear… apoiado por uma potência nuclear deve ser tratada como um ataque conjunto”, afirmou Putin.
(Com informações de AFP, EFE e Reuters)