O Federal Reserve elevou as taxas de juros em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira (22), depois que várias falhas no setor bancário levaram alguns analistas de Wall Street a pedir uma pausa.
A alta de um quarto de ponto é o nono aumento consecutivo da taxa pelo Fed desde março do ano passado, como parte do programa de aperto quantitativo do banco central dos EUA em resposta à alta inflação. A faixa básica da taxa de juros do Fed agora está definida em 4,75 a 5 por cento.
O movimento mostra que a primeira prioridade do Fed continua sendo reduzir os níveis elevados de preços, mesmo quando os aumentos das taxas do banco sobrecarregaram as carteiras do setor bancário, provocando o colapso de alguns bancos mal administrados.
A inflação está caindo, mas ainda está alta
O crescimento dos preços, medido pelo índice de preços ao consumidor (CPI) e pelo índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE), vem caindo desde meados do ano passado, mas ainda está bem acima da meta do Fed de 2 por cento.
O PCE subiu para 5,4% anualmente, de 5,3% pela primeira vez em vários meses em janeiro, levando alguns analistas a pedir um aumento maior de 0,5 ponto percentual neste mês pelo Fed.
As preocupações com o setor bancário retiraram a maior alta da mesa no início deste mês.
A inflação na economia não ocorreu de forma generalizada após a pandemia de coronavírus, mas se concentrou em diferentes setores em diferentes momentos.
Desde então, uma inflação inicial em bens duráveis e automóveis se dissipou junto com uma inflação de commodities após a escalada da guerra na Ucrânia, enquanto a inflação no setor imobiliário continua sendo o principal impulsionador dos números elevados nas manchetes.
“Essas coisas realmente tiveram seu próprio tempo separado e sua própria dinâmica separada. É muito difícil argumentar que qualquer um deles é apenas a inflação padrão impulsionada pela demanda”, disse o economista JW Mason, da City University de Nova York, durante um evento no início de março.
Cenário de bancos falidos nos EUA
A decisão do Fed ocorre após uma série de falências de bancos na última semana e meia, levando à intervenção do governo para sustentar o setor bancário e aplacar os mercados voláteis.
Fechamentos do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, e emissões de capital no Credit Suisse e First Republic, levantaram preocupações sobre o estado da indústria.
Enquanto os grandes bancos são considerados bem capitalizados, as instituições menores enfrentaram crises de liquidez devido ao rápido aumento das taxas de juros que fizeram com que investimentos de longo prazo seguros perdessem valor. O Vale do Silício, por exemplo, teve que vender títulos com prejuízo, desencadeando uma crise de confiança.
O Fed e outros reguladores intervieram com medidas de emergência que parecem ter contido as preocupações imediatas com o financiamento, mas persistem as preocupações sobre a profundidade do dano entre os bancos regionais.
Ao mesmo tempo, as preocupações com a recessão persistem à medida que os aumentos das taxas passam pelo encanamento econômico.