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Autoridades da China e da União Europeia concordaram em iniciar negociações sobre a imposição planejada de tarifas para veículos elétricos (EVs) fabricados na China e importados para o mercado europeu, anunciaram altos funcionários de ambos os lados no sábado.
O Ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, informou que foi comunicado pelo comissário da UE, Valdis Dombrovskis, sobre a intenção de iniciar negociações concretas sobre as tarifas com a China.
A confirmação ocorreu após o Ministério do Comércio da China declarar que Wang Wentao, chefe do ministério, e Dombrovskis, vice-presidente executivo da Comissão Europeia, concordaram em iniciar consultas sobre a investigação anti-subsídios da UE relacionada aos EVs chineses.
“Houve avanços significativos, pois não havíamos conseguido estabelecer um cronograma de negociação concreto nas últimas semanas”, disse Habeck em Xangai.
Ele enfatizou que este é apenas o primeiro passo e muitos outros serão necessários. “Estamos longe do fim, mas pelo menos é um primeiro passo que não era possível antes.”
A visita de Habeck é a primeira de um alto funcionário europeu desde que Bruxelas propôs tarifas substanciais sobre importações de veículos elétricos fabricados na China, visando combater subsídios que a UE considera excessivos.
Habeck destacou que há tempo para um diálogo entre a UE e a China sobre questões tarifárias antes que as medidas entrem em vigor totalmente em novembro. Ele enfatizou a importância de mercados abertos, mas equitativos.
“Subsídios comprovados que visam aumentar as vantagens de exportação das empresas não podem ser aceitos”, afirmou o ministro.
Além das tarifas, outro ponto de tensão entre Pequim e Berlim é o apoio da China à Rússia em sua guerra na Ucrânia. Habeck observou que o comércio chinês com a Rússia aumentou mais de 40% no ano passado, o que afeta negativamente a relação econômica entre os dois países.
Ele destacou que práticas que contornam as sanções impostas à Rússia não são aceitáveis, enfatizando que produtos técnicos fabricados na Europa não deveriam ser utilizados em conflitos por meio de outros países.
Diálogo em Aberto
As tarifas provisórias da UE, que podem chegar a 38,1% sobre EVs chineses importados, estão programadas para entrar em vigor em 4 de julho, enquanto a investigação continua até 2 de novembro, quando tarifas definitivas, geralmente aplicadas por cinco anos, poderão ser impostas.
“Isso abre uma fase onde as negociações são possíveis, as discussões são importantes e o diálogo é necessário”, destacou Habeck.
Ele explicou que as tarifas propostas pela UE não são uma “punição”, enfatizando que são medidas destinadas a compensar as vantagens concedidas às empresas chinesas por Pequim.
Zheng Shanjie, presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, afirmou que fará todo o possível para proteger as empresas chinesas e que as tarifas propostas pela UE prejudicariam ambos os lados.
Após o encontro com Zheng, Habeck conversou com o Ministro do Comércio da China, Wang Wentao, que prometeu discutir as tarifas com o Comissário de Comércio da UE, Valdis Dombrovskis, em uma videoconferência na noite de sábado.
“Há espaço para manobras, há espaço para discussão e espero que este espaço seja utilizado”, concluiu Habeck.
Em caso de falta de acordo nas negociações, o fabricante de automóveis chinês SAIC Group 600104.SS desenvolveu uma série de produtos criativos em resposta à ameaça de tarifas.
Shao Jingfeng, diretor de design-chefe da sede de inovação em pesquisa e desenvolvimento da SAIC Motor, divulgou imagens em sua conta de mídia social Weibo mostrando produtos como skateboards, moletons, tênis, copos, guarda-chuvas e raquetes de tênis de mesa, predominantemente nas cores amarela e preta, estampados com o emblema da UE e o número “38.1” – referência ao nível das tarifas da UE.
“O que não te mata te fortalece”, escreveu Shao no Weibo. “Vamos lembrar do 38.1.”