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As ações dos Estados Unidos caíram fortemente na sexta-feira (13), registrando sua maior perda desde o dia das eleições (5 de novembro), à medida que o impacto positivo da vitória de Donald Trump e os cortes nas taxas de juros promovidos pela Reserva Federal (Fed) começam a se dissipar.
Foi uma semana negativa para a Bolsa de Valores de Nova York. O S&P 500 caiu 78,55 pontos (1,3%), fechando em 5.870,62 pontos. O Dow Jones recuou 305,87 pontos (0,7%), para 43.444,99, e o Nasdaq despencou 427,53 pontos (2,2%), atingindo 18.680,12.
Os fabricantes de vacinas foram um dos fatores que contribuíram para a queda do mercado, depois que Donald Trump, presidente eleito, afirmou que pretende nomear Robert F. Kennedy Jr., um ativista antivacinas, como seu Secretário de Saúde e Serviços Humanos. Moderna viu suas ações caírem 7,3%, enquanto Pfizer perdeu 4,7%, diante das preocupações sobre um possível impacto nos lucros.
Kennedy ainda precisa ser aprovado pelo Senado para assumir o cargo, e alguns analistas demonstram ceticismo quanto às suas chances, devido às suas opiniões sobre vacinas e suas críticas à indústria farmacêutica.
Após a vitória de Trump, as ações haviam subido consideravelmente, com investidores apostando nas promessas do presidente eleito, como tarifas mais altas, redução de impostos e uma regulamentação mais branda, o que beneficiaria bancos, pequenas empresas americanas e criptomoedas.
No entanto, agora os investidores estão mais atentos às possíveis desvantagens do retorno de Trump à Casa Branca.
Além do impacto nos fabricantes de vacinas, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA também aumentaram no mercado de bônus, devido à surpreendente resistência da economia e à preocupação de que as políticas de Trump possam resultar em déficits maiores e inflação acelerada. Isso tem levado os investidores a reavaliar o quanto a Reserva Federal poderia reduzir as taxas de juros no próximo ano. No início deste mês, a Fed já havia cortado suas taxas pela segunda vez em 2023, e as previsões indicavam novos cortes até 2025.
Taxas de juros mais baixas podem impulsionar a economia e o mercado de ações, especialmente após a Fed mantê-las em níveis elevados por duas décadas, mas também podem pressionar a inflação para cima.
Na quinta-feira (12), Jerome Powell, presidente da Fed, sugeriu que o banco central dos EUA será cauteloso em futuras decisões sobre as taxas de juros. “A economia não está enviando nenhum sinal de que precisemos apressar a redução das taxas”, disse Powell, embora tenha evitado comentar como as políticas de Trump poderiam influenciar essas decisões.
Após isso, os investidores revisaram suas previsões sobre se a Fed cortará novamente as taxas em sua próxima reunião.
Na sexta-feira, os rendimentos dos títulos do Tesouro apresentaram variações no mercado de renda fixa, após a divulgação de diversos relatórios sobre a economia.
Um deles mostrou que os consumidores gastaram mais do que o esperado nas lojas de varejo no mês passado, indicando que a força mais influente da economia ainda se mantém robusta. Brian Jacobsen, economista-chefe da Annex Wealth Management, afirmou que muitos consumidores adiaram viagens e compras de itens de maior valor até após as eleições. “Agora que a incerteza sobre o resultado das eleições foi superada, podemos ver um aumento no ‘gasto de alívio’”.
No entanto, os dados sobre as vendas no varejo mostraram que, quando excluídos os automóveis, o desempenho foi mais fraco do que o esperado pelos economistas.
Outro relatório revelou forte crescimento na atividade manufatureira no estado de Nova York, superando as expectativas de crescimento zero, embora esse dado tenha sido coletado após o dia das eleições.
No mercado de bônus, o rendimento do Tesouro dos EUA a 10 anos permaneceu em 4,44%. Já o rendimento de dois anos, que é mais sensível às expectativas da Fed, caiu para 4,31%, em comparação com 4,36% na quinta-feira.
Nos mercados internacionais, o FTSE 100 de Londres caiu 0,1%, após dados da Oficina Nacional de Estatísticas mostrarem que o crescimento econômico desacelerou para 0,1% no trimestre julho-setembro, comparado a 0,5% no trimestre anterior, ficando abaixo das expectativas.
Por outro lado, o Nikkei 225 de Tóquio subiu 0,3%, após a divulgação de que o crescimento da economia japonesa acelerou no último trimestre, apesar de o Banco do Japão ter aumentado as taxas de juros em julho.