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O Rio de Janeiro corre o risco de ser expulso do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), o programa do governo federal que permitiu ao Estado suspender o pagamento de sua dívida com a União por três anos, dando-lhe um certo fôlego financeiro. O motivo para a eventual expulsão é o fato de o governador Wilson Witzel (PSC) não estar cumprindo as obrigações impostas pelo plano de socorro.
A advertência ao governo fluminense foi feita pelo Conselho de Supervisão do RRF em uma resolução de 4 de setembro. O Rio tem até o dia 3 de outubro para apresentar uma solução, ou o conselho vai recomendar a sua expulsão do regime ao Ministério da Economia, o que obrigaria o Estado a ter de pagar uma dívida que já chega a R$ 32,5 bilhões.
O socorro da União ao Rio foi assinado há dois anos, em setembro de 2017, depois de um quadro de falência das finanças que levou a atrasos no pagamento de salários dos servidores e ao caos na oferta de serviços de segurança, saúde e educação. Mesmo favorecido pela melhora de receitas com royalties de petróleo, o Estado não está conseguindo fazer o “dever de casa” do lado das despesas. Num duro recado, o Conselho demonstrou preocupação e impaciência com a demora e a falta de respostas aos questionamentos feitos ao Estado.
A situação mais urgente se refere à estruturação da carreira dos servidores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que implica em aumento das despesas – o que é proibido pelo acordo de recuperação. O Conselho cobrou informações sobre o impacto da medida de aperfeiçoamento da carreira docente e o regime de trabalho de tempo integral com dedicação exclusiva da universidade. Os integrantes do Conselho querem que o governador apresente medidas para compensar esses gastos.
O Conselho percebeu ainda que houve uma inscrição, entre 2017 e 2018, de R$ 19,3 bilhões nos chamados restos a pagar – dívidas que ficam de um ano para o outro. Para permitir o reequilíbrio das contas, o acordo proibia qualquer rolagem de compromissos desse tipo.
Além disso, foram relatadas dificuldades para receber informações a respeito da privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), considerada fundamental para a melhora da situação financeira do Rio, e até mesmo para marcar reuniões com autoridades. “As informações são enviadas com constantes atrasos e quase sempre de forma parcial”, diz o documento.
Se até o dia 3 de outubro o Rio não mostrar como os problemas serão solucionados, o Conselho enviará parecer recomendando a extinção do regime até o dia 18 de outubro.
Formado por representantes do Ministério da Economia, Tribunal de Contas da União (TCU) e governo fluminense, o Conselho monitora o cumprimento das regras do acordo, como um “cão de guarda”, para evitar desvios. Se for expulso, o Rio terá de devolver ao Tesouro o que deixou de pagar enquanto estava no regime.
Na hipótese de extinção do regime, o pagamento das parcelas das dívidas do Estado, hoje suspenso, seria retomado de forma imediata e nas condições contratuais originais. O passivo seria recalculado e, sobre o valor, haveria ainda incidência de encargos financeiros de inadimplência.
-Por Estadão