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Após o anúncio da eficácia da CoronaVac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, pesquisadores e cientistas questionaram a falta de dados detalhados do imunizante.
Ontem, o governo do Estado de São Paulo disse que a vacina reduz em 78% o risco de contrair casos leves de covid-19.
A CoronaVac, segundo o governo Doria, preveniu totalmente mortes pela doença e foi 100% bem-sucedido ao impedir que os infectados desenvolvessem casos graves e moderados da covid-19.
“A prova mais dura no mundo para uma vacina contra a covid-19 e o estudo mais detalhado já apresentado”, disse a mensagem escrita na apresentação exibida durante anúncio do governo de SP.
O governo paulista não informou durante coletiva de imprensa o número de casos de coronavírus registrados em cada grupo de voluntários que tomaram a vacina chinesa e os que tomaram placebo.
Você vê algum número? Vc vê quantos casos em cada um desses grupos? Vc vê algum intervalo de confiança? Eu não. E até que mostrem esses números, isso só se trata de mais um anúncio vazio. Mostrem os dados. Mostrem os números. pic.twitter.com/hz0WGcEoa1
— Denise Garrett, MD, MSc (@dogarrett) January 7, 2021
Falo como cientista porque esse é o meu papel. O anúncio é promissor. Mas do ponto de vista da ciência, o anúncio é vazio. Precisamos ver os números. E esses números precisam ser divulgados.
— Denise Garrett, MD – VACINA JÁ (@dogarrett) January 7, 2021
Segundo o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, foram 218 casos de infecção pela covid-19 entre os voluntários, sendo “cerca de 160” no grupo que recebeu o placebo e “pouco menos de 60” entre os vacinados.
O professor Stefano de Leo, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), disse ao site Poder360 que é possível calcular a eficácia global a partir dos números apresentados, considerando-se que metade dos voluntários tenha tomado o placebo, o que, segundo o pesquisador, “é provável” que tenha acontecido.
Ainda conforme o professor, a eficácia é calculada a partir de uma equação em que se subtrai o número de pessoas infectadas que tomaram o imunizante do número de pessoas infectadas que tomaram o placebo. O resultado é dividido pelo número de infectados que tomaram o placebo e, na sequência, multiplicado por 100.
Desse modo, usando as estatísticas mencionada pelo diretor do Instituto Butantan durante a entrevista, a eficácia global da CoronaVac seria de 63,75%, mais de 14 pontos percentuais abaixo da eficácia de 78% apresentada pelo governo paulista.
“A comunicação feita foi um pouco confusa e pode criar até o efeito contrário, isto é, gerar desconfiança”, afirmou o pesquisador da Unicamp ao veículo de comunicação.