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Em entrevista ao Valor Econômico, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro, afirmou que o Brasil retrocedeu no combate à corrupção. A declaração foi dada em entrevista publicada nesta terça-feira (10).
Moro afirmou que esse é um problema para as empresas que querem fazer parte do mercado internacional, segundo sua análise como diretor da empresa de consultoria Alvarez & Marsal.
“A política local tem sido, de certa maneira, frustrante, em relação a alguns retrocessos no combate à corrupção, mas as empresas precisam ter uma visão um pouco mais abrangente”, disse o ex-juiz.
De acordo com um ex-auxiliar de Moro consultado pelo site, seu contrato com o escritório do qual ele faz parte precisa ser rediscutido até outubro. É um momento-chave se o ex-juiz decidir participar da eleição de 2022.
Morando atualmente em Washington, Moro passou por Brasília em julho. Durante sua visita, congressistas do Podemos conversaram com o ex-juiz. Ao Valor, um desses congressistas afirmou que Moro não descarta ser candidato. O partido tem interesse em filiar e lançar a candidatura dele.
Ao ser questionado pelo Valor se seria a 3ª via nas eleições para Presidência, no entanto, Moro se recusou a responder e apenas sorriu.
Sobre as críticas de ter migrado para o setor privado, Moro afirma que foi necessário e que ele não atua em casos que possam configurar em conflito de interesses.
“Eu não enriqueci no serviço público, então fui trabalhar no setor privado, tive que ganhar a minha vida”, disse.
O ex-juiz afirmou ainda que a Lava Jato fez com que as perspectivas do setor privado fossem alteradas.“As empresas despertarem para necessidade de atuar com maior responsabilidade”, disse.
Moro considera ainda que por mais que tenha havido retrocessos em relação ao combate a corrupção no Brasil, as empresas podem mostrar que não têm a mesma atuação que o governo.
“Várias empresas privadas brasileiras buscaram mostrar que elas se encontram em outro momento, que elas são consistentes em suas políticas ambientais e que elas vão agir independentemente do que acontece no âmbito público”, afirmou Moro.
Ainda assim, ele admitiu que “seria melhor se os dois caminhassem no mesmo passo, mas uma coisa não é necessariamente dependente da outra”.