No domingo (12), o ex-coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, rebateu insinuações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro sobre um suposto pedido de audiência entre os dois, quando se discutia a indicação do novo procurador-geral da República (PGR), em 2019.
Ontem, Bolsonaro havia dito que recusou um pedido de reunião, pois suspeitou que o então procurador poderia “sair com uma história” do encontro ao considerar métodos utilizados pela Lava Jato.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Dallagnol afirmou que as declarações do presidente “estão totalmente equivocadas”. Ele disse que foi surpreendido ao ser avisado sobre as declarações do presidente na “igreja em culto de preparação para o Natal”.
“Ao contrário do que o presidente afirmou, eu jamais pedi reunião com ele, liguei para ele, nem antes, nem depois, da indicação do procurador-geral da República, que acabou com a Lava Jato”, disse Dallagnol se referindo a Augusto Aras.
Bolsonaro lançou suspeitas sobre os métodos usados pela equipe de procuradores da Lava Jato. O presidente afirmou que os integrantes da operação escreviam os depoimentos e, depois, chamavam, os delatores para assinar.
Isso, disse ele, leva a crer que o ex-procurador cuidaria de espalhar, após o encontro entre os dois, que o presidente da República poderia fazer uma “proposta indecorosa para ele”.
“O presidente Bolsonaro também errou ao dizer que os procuradores escreviam as delações dos colaboradores, talvez porque ele não teve a oportunidade de conhecer melhor o nosso trabalho na Lava-Jato”, rebateu Dallagnol.
De acordo com ele, “todos os acordos de colaboração foram negociados com as defesas e os fatos e as provas trazidos espontaneamente por colaboradores”.
O ex-procurador tentou esclarecer de onde partiu a ideia de ter um encontro com Bolsonaro: “Interlocutores do Palácio do Planalto me procuraram em 2019 para perguntar se eu aceitaria me reunir com ele [Jair Bolsonaro]. Mas eu recusei do mesmo modo como recusei para ir ao Palácio do Jaburu me encontrar com o então presidente [Michel] Temer, em 2016”.
Dallagnol informou que a decisão de não se reunir com os dois presidentes (Temer e Bolsonaro) em oportunidades diferentes partiu dos integrantes do Ministério Público.
“Nossa equipe de procuradores entendeu que os encontros não seriam apropriados, porque eles alimentariam questionamentos infundados do nosso trabalho que sempre foi técnico, imparcial e apartidário”, afirmou no vídeo.
Jamais pedi ou aceitei convite de reunião com o presidente Jair Bolsonaro. Saiba mais no vídeo: https://t.co/K9EoeqkXRj
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) December 12, 2021