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Em entrevista ao jornal O Estadão, o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP), que delatou o envolvimento do ex-presidiário Lula (PT) na nomeação de Paulo Roberto Costa à diretoria da Petrobras, afirmou que pensa “em anular minha delação”.
Corrêa foi preso pela Operação Lava Jato, em 2015. A operação levou o parlamentar a mais uma condenação a 20 anos de prisão. Ele continua preso em seu apartamento em Recife (PE) pois não quitou uma multa imposta no Mensalão.
O período de detenção ultrapassa a pena imposta pelo STF em mais de dois anos. O ministro Luís Roberto Barroso tem negado a ele a progressão do regime e o indulto.
Em entrevista ao Estadão, Corrêa admitiu que, hoje, ele não se diz arrependido da delação, mas afirma que jamais faria de novo e pensa em anular seu acordo.
Confira os principais trechos da entrevista:
O sr. se arrepende de ter delatado?
“Não me arrependo, porque eu disse o que eu sabia, disse o que tinha conhecimento, e não me arrependo não. Eu, se não tivesse feito a delação, eu tinha anulado tudo. Agora, meu caso é muito pior do que o de Lula. Eu estava condenado já pelo mensalão. Eu fui preso de novo. Eu fui para Curitiba, me colocaram em prisão, ameaçaram prender meus filhos. Então, não é brincadeira, né?”
O sr. fez a delação espontaneamente? Por que decidiu delatar?
“Eu não fiz a delação na época do mensalão. Você me pergunta. Fez a delação de bom grado? Não, não fiz. Tanto é que eu só fiz a delação depois de oito meses ou nove depois de estar preso. Quando eu fiz a delação, quando começou o aperto em cima da minha família. Não me arrependo, porque eu colaborei dizendo a verdade”.
O que foi esse “aperto” em cima de sua família?
“Meu filho e minha nora foram ouvidos, foram acusados como réus. Todos foram colocados. Minha mulher. E circulava lá entre os policiais que ia sair a ordem de prisão de meus filhos e minha nora se eu não fizesse a colaboração”.
Como o sr. vê essas anulações acontecendo em processos em que foi delator?
“Eu não faria delação de novo porque eu ia anular os processos todos, né? Anularia tudo, como está anulando todo mundo, e anularia tudo, e aí não faria delação. O STF está fazendo o que quer, e no Senado ninguém tem coragem de enfrentar nenhum ministro. Não sei até quando vai acontecer. É uma coisa complicada, a coisa da politização do Judiciário é muito ruim”.
O sr. pensa em pedir a anulação desse acordo?
“Penso, penso, eu penso nisso, estou esperando o trânsito em julgado caso de Walter Faria para fazer então o meu. Eu vou pensar em fazer a anulação sim”.
Por que a anulação do caso Walter Faria te faz pensar em um caminho para anular seus processos?
“Na Lava Jato, foi anulado o processo dele, mas tem que transitar em julgado para saber como é que fica, né? Para ter uma posição definitiva, né?”.