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Em entrevista ao site Opera Mundi nesta quarta-feira (22), o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) disse que não se pode “ter a ilusão” de que, se eleito novamente para a Presidência, o petista adotará um programa de esquerda.
Dirceu foi condenado a 41 anos de prisão no âmbito da Lava Jato. Já tinha cumprido pena criminal imposta anteriormente, imposta pelo Supremo Tribunal Federal, pelo escândalo do Mensalão.
Ao falar de economia, o condenado defendeu a ideia de taxar as exportações brasileiras de petróleo. Já ao falar da disputa eleitoral deste ano, ele afirmou que as diretrizes programáticas divulgadas nesta semana pela campanha petista são um “pacto histórico” entre os partidos da coligação, estão “de bom tamanho” para a fase atual da campanha e são um aceno a setores de centro.
“Na verdade, nessa eleição, a prioridade absoluta é tirar Bolsonaro e eleger Lula. Isso acabou guiando a política de alianças nos Estados para os governos”, disse Dirceu na entrevista ao comentar a situação de candidatos do PT ao Congresso e aos governos estaduais.
“Vamos lembrar que o MDB do Nordeste praticamente apoia o Lula. Que o PSD, parcela importante, tende a apoiar o Lula. Que é possível que uma parte do PSDB apoie o governo (Lula) em um primeiro momento. O que vai se constituir na verdade, e a coligação de sete partidos e a proposta de diretrizes de governo apresentada expressa, (é) uma aliança mais ampla que a esquerda, mais ampla que a centro-esquerda. Nós temos que entender essa realidade. Não vamos nos iludir que nós estamos elegendo o Lula para fazer um governo, um programa do PT ou de esquerda”, afirmou Dirceu.
“O programa tem pontos fundamentais e importantes para nós da esquerda, mas as circunstâncias históricas vão colocar para nós um desafio ao chegar ao governo de como avançar nas questões mais estruturais que o país enfrenta. É assim que eu vejo essa situação”, disse o petista.
O ex-ministro afirma que a estratégia do PT tem de se dar por etapas “O primeiro ano define os próximos anos, porque vamos enfrentar um país que não é a situação de 2003. Primeiro, o mundo e o Brasil não são os mesmos: 23 é uma situação muito mais grave. A máquina administrativa desorganizada, os problemas da fome e do desemprego agravados, essa questão da inflação, com Banco Central independente, teto de gastos, que precisa de uma maioria no Congresso para aprovar uma nova matriz de responsabilidade fiscal”.
Os recursos, segundo ele, devem vir ou da renda do petróleo, ou da reorganização do orçamento atual ou de uma reforma tributária. A última, defendeu Dirceu, deve taxar renda, propriedade e riqueza e diminuir os impostos indiretos. “Grande parte da nossa elite não admite pagar mais impostos”, afirmou.
Ao falar de Petrobras, Dirceu defendeu a ideia de cobrar imposto sobre lucro extraordinário ou exportação de petróleo, por exemplo.
“Se é verdade que não podemos simplesmente tabelar preços de combustível, também é verdade que a paridade de preços internacionais é irreal com a realidade de um país como o Brasil e também é verdade que se pode cobrar impostos sobre o lucro extraordinário, sobre exportação, evidente que se pode. Se pode aumentar a contribuição sobre o lucro”, disse.