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Uma operação da Polícia Federal (PF) buscou recolher provas nesta sexta-feira (29) para comprovar a suspeita de que um grupo comprou votos de eleitores com valores de R$ 10 a R$ 30, nas eleições de 2020, em Macapá.
Policiais federais cumpriram 11 mandados de busca e apreensão em residências, na sede da prefeitura. Uma das equipes fez buscas na casa do prefeito da capital, Dr. Furlan (Cidadania).
Há suspeita de participação de um servidor público e de transporte ilegal de eleitores. De acordo com a PF, o grupo tentava de maneira ilícita conseguir votos para um candidato a prefeito. Nem ele e nem os investigados tiveram as identidades divulgadas.
O trabalho, nomeado de “e-Hailing”, é resultado de atuação em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF). Os mandados foram cumpridos em 7 bairros da cidade.
A investigação iniciou no 1º turno das eleições municipais de 2020, em 6 de dezembro, quando a PF prendeu um homem de 38 anos no bairro Zerão com R$ 1,2 mil em espécie, além de “santinhos” de candidato à prefeito.
Dr. Furlan disse que o preso têm relação com a família dele. A investigação apontou que o homem detido atuava diretamente na campanha, articulando compra de votos com dinheiro e cestas básicas.
Prosseguindo a apuração, os policiais identificaram que um servidor público ligado ao preso era o “responsável financeiro e ordenava a forma como seria realizado o acerto de abastecimento com os motoristas para o transporte e a compra de votos”.
A PF chegou a um grupo em aplicativo de mensagens onde eram organizadas as práticas ilegais, incluindo a mobilização para o transporte ilegal de eleitores e informações de onde a PF estava realizando fiscalização no dia da votação.
Os investigados podem responder por associação criminosa, corrupção eleitoral e transporte ilegal de eleitores.
Em caso de condenação, as penas somadas podem chegar a 18 anos de reclusão.
De acordo com o prefeito, havia um conflito de competências sobre qual órgão investigaria o flagrante.
Em entrevista coletiva, Dr. Furlan afirmou que recebeu pedido de propina do emissário do juiz Orlando Souto, do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá, para decidir que a competência seria do Ministério Público Eleitoral, por meio de um procurador regional eleitoral.
O gestor declarou ainda que a operação é uma perseguição política após o anúncio da esposa dele, Rayssa Furlan, como candidata ao Senado este ano, porque Souto teria declarado competência ao MP Eleitoral e os mandados de busca e apreensão emitidos após a convenção.
“Eu acredito na justiça e na felicidade do povo de Macapá. […] Estão querendo macular a nossa imagem. Isso aconteceu porque lançamos a Rayssa como pré-candidata ao senado, o que é legítimo. Vocês não nos amedrontam e não vamos aceitar intimidação do senador Davi Alcolumbre, seu irmão Josiel e do doutor Orlando Souto”, falou Furlan.
Em nota, o senador Davi Alcolumbre explicou que o prefeito terá que provar as acusações e os ataques feitos a ele: “Ao contrário do que diz o prefeito, ninguém manda no Ministério Público, na Polícia Federal e na Justiça Federal. Se ele está sendo investigado, precisa ter serenidade, e, como todo cidadão, que não está acima do bem e do mal, dar suas explicações. No entanto, não pode se defender acusando injustamente os outros – porque também vai ter que provar na justiça os ataques inverídicos que fez durante seu pronunciamento. Eu seguirei trabalhando pelo povo do Amapá”.
O irmão, Josiel Alcolumbre, informou que não faz parte dos inquéritos que culminaram na operação da Polícia Federal e, sem conhecimento, não tem como se manifestar.
A assessoria de comunicação do Ministério Público Federal (MPF) explicou que o órgão não vai se pronunciar porque o caso está em segredo de justiça.
A assessoria de comunicação do TRE informou que o Tribunal só vai se manifestar sobre o caso em uma coletiva de imprensa marcada para esta sexta-feira, às 17h.