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Uma investigação privada conduzida a pedido de credores revelou operações de blindagem patrimonial do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a investigação revelou até a compra simulada de um avião com recursos da massa falida da usina São Fernando.
A dívida da massa falida é de cerca de R$ 2 bilhões e somente os bancos públicos têm R$ 775 milhões em créditos.
Segundo o jornal, a Justiça tinha autorizado um escritório de advocacia especializado no rastreamento de bens a buscar ativos em posse da família Bumlai no Brasil e no exterior.
Em uma das peças do processo, hoje sob sigilo, o escritório afirma ter sido destituído dessa função no ano passado, de acordo com a Folha. Houve recurso, mas não foi aceito.
Na ocasião, os credores já sabiam que tinham sido encontrados bens dos Bumlai no país e no exterior suficientes para, praticamente, quitar a dívida da empresa falida do pecuarista.
Ao mesmo tempo, os credores descobriram um acordo que nunca fizeram com Bumlai. Desde então, eles pedem ao juiz acesso ao documento, o que ainda não ocorreu.
Os credores abririam mão do dinheiro que têm para receber pelo suposto acordo, dando quitação de dívidas para Bumlai e seus filhos.
Porém, esse acerto, insistem os credores, nunca existiu. “Se existiu, não participamos, e foi feito de forma obscura”, disse à Folha o advogado Otávio Barbi, sócio do Tolentino Advogados, que representa um fundo com cerca de R$ 50 milhões a receber.
“Peticionamos para ver o acordo há oito meses e, até agora, nada. O juiz nos ignorou”, afirmou o advogado.
No incidente protocolado neste ano, os credores afirmam na Justiça que o objetivo do suposto acordo seria blindar a família Bumlai.
No meio do rastreamento patrimonial do escritório de advocacia especializado no rastreamento de bens, verificaram-se não somente bens, mas uma série de irregularidades supostamente praticadas pelos antigos controladores.
Entre as irregularidades apontadas pelos investigadores no documento obtido pela Folha de S. Paulo, “estavam a compra disfarçada de um avião da fabricante Cessna realizada com dinheiro da massa falida”.
Os peritos ainda afirmam que o aluguel pago mensalmente, na verdade, era uma prestação de financiamento.
À época, a empresa do amigo de Lula já estava sob intervenção judicial e o pecuarista se referia a esses pagamentos mensais de R$ 1,5 milhão como “uma despesa insignificante”.
A família de Bumlai também teria feito blindagem patrimonial por meio de simulação de operações de compra e venda de fazendas e outros ativos.
Segundo os peritos, os desvios de recursos da empresa para o patriarca e os filhos por meio de prestação de serviços não comprovados.
Alvo da operação Lava Jato, José Carlos Bumlai foi condenado a 9 anos e 10 meses por corrupção passiva e gestão fraudulenta. Em 2016, ele cedeu um engenheiro e um arquiteto para uma reforma no “sítio do Lula”, em Atibaia (SP).