Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
Durante entrevista à Rádio Verdinha (CE), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) questionou na tarde desta quinta-feira (20) a autonomia no Banco Central (BC). Nos últimos dias, o petista teceu diversas criticas à postura do presidente do órgão, Roberto Campos Neto.
Lula começou uma série de viagens pelo Nordeste, a partir desta quinta, para entregar e divulgar novas ações do governo federal na região.
“Eu fui presidente oito anos. Presidente da República nunca se mete nas decisões do Copom [Comitê de Política Monetária] e do Banco Central”, disse o petista. “[Henrique] Meirelles tinha autonomia comigo o tanto que tem esse rapaz de hoje [Campos Neto]”, afirmou Lula.
“Só que o Meirelles eu tinha o poder de tirar, como FHC [Fernando Henrique Cardoso] tirou tantos e outros presidentes. Aí entenderam que era importante colocar alguém no BC que tivesse autonomia. Autonomia de quem? Pra servir quem? Atender quem?”, questionou o presidente.
Além de questionar a autonomia do Banco Central, Lula comentou pela 1ª vez sobre a decisão do Copom de manter a taxa de juros básica, a Selic, inalterada em 10,50% ao ano.
Com a decisão, a Selic será mantida em 10,50% ao ano até a próxima reunião do órgão, marcada para os dias 30 e 31 de julho.
“Foi uma pena que o Copom manteve [a taxa de juros], quem perde com isso é o povo brasileiro. Quanto mais a gente pagar de juros, menos dinheiro tem para investir aqui dentro”, afirmou o petista. Lula acrescentou dizendo que a taxa de juros “tem que ser tratada como gasto”.
“Estava em reunião do orçamento [sendo] discutido aí fico olhando do outro lado da folha, só de juros foram R$ 709 bilhões que pagamos, de desoneração foram R$ 536 bilhões que deixamos de receber. E por que não transforma em gasto a taxa de juro que pagamos?”, questionou o petista.
“Vai perceber que o crédito [cedido às pessoas], os grandes, são feitos pela Caixa [Econômica Federal], Banco do Brasil, Banco do Nordeste e BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]”.
Segundo o presidente, “os bancos privados preferem, em vez de fazer crédito, ganhar dinheiro com a alta taxa de juros”. E completou: “Não vejo o mercado falar do morador de rua, catador de papel, das pessoas que necessitam do Estado, que é o povo trabalhador, a classe média, que é quem paga imposto nesse país”.