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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o programador Walter Delgatti Neto, o “hacker da Vaza Jato”, compareceram nesta segunda-feira (7) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para depor sobre a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ocorrida em janeiro do ano passado. As versões apresentadas pelos dois sobre os fatos divergem significativamente.
Delgatti, preso desde 2023, e Zambelli são réus no Supremo após a 1ª Turma do Tribunal aceitar a denúncia contra eles. Ambos foram intimados pelo ministro Alexandre de Moraes a depor em 26 de setembro, mas Zambelli não compareceu devido a problemas de saúde.
Walter Delgatti foi preso inicialmente em 2019 durante a Operação Spoofing, que investigou o vazamento de dados da Vaza Jato. Ele voltou ao cárcere há mais de um ano por conta da mesma investigação. Em seu depoimento, Delgatti confirmou que acessou os servidores e a intranet do CNJ e alegou que Zambelli havia solicitado a invasão a pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro. O hacker revelou ainda que a deputada e o ex-presidente prometeram um emprego em troca do mandado de prisão do ministro Alexandre de Moraes, mas que o acordo não foi cumprido, o que Zambelli contestou.
Durante o depoimento, Zambelli negou ter instigado Delgatti ou solicitado a elaboração da minuta. Ela afirmou que não enviou o documento ao jornalista Paulo Capelli, que também depôs na audiência. Questionada sobre seu relacionamento com Delgatti, a parlamentar se recusou a responder perguntas do advogado do hacker, Ariovaldo Moreira, alegando orientação jurídica.
O depoimento de Delgatti também incluiu a confirmação de que acessou o sistema do Banco Central e bloqueou bens e contas bancárias de Moraes, novamente a pedido de Zambelli. Em um momento polêmico, ele alegou que a deputada mencionou a possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas durante uma visita em sua residência, o que foi reforçado pelo marido da deputada, Coronel Aginaldo de Oliveira.
Na audiência, também prestaram depoimento o jornalista Paulo Bruno Cappelli e Thiago Delgatti, primo de Walter, que, segundo investigações, estaria relacionado aos mandados de soltura inseridos no sistema do CNJ. Thiago afirmou não ter conhecimento de qualquer alvará de soltura.