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John Nicholas estava imerso na cirurgia de transplante de rim quando decidiu perguntar aos médicos se já haviam começado.
“Em um momento durante a cirurgia, lembro-me de ter perguntado: ‘Devo esperar que a anestesia espinhal faça efeito?’”, lembrou Nicholas, de 28 anos, em um comunicado à imprensa. “Eles já haviam feito muito trabalho e eu estava completamente alheio a isso. Verdadeiramente, sem nenhuma sensação”.
Nicholas vive em Chicago e é a primeira pessoa em seu hospital, Northwestern Medicine, a receber um transplante de rim enquanto está acordado. Em vez de usar a anestesia geral convencional, os médicos aplicaram uma única injeção de bloqueio espinhal para adormecer Nicholas enquanto o mantinham alerta.
Essa nova opção poderia tornar o transplante disponível para pacientes cuja saúde os torna de alto risco para a anestesia geral, afirmam os médicos.
Também poderia reduzir significativamente o tempo de internação hospitalar de um paciente transplantado. Nicholas deixou o hospital no dia seguinte após sua cirurgia bem-sucedida em 24 de maio. Normalmente, pacientes de transplante renal passam de dois a três dias no hospital, disseram os médicos.
“Dentro da sala de cirurgia, foi uma experiência incrível poder mostrar ao paciente como era seu novo rim antes de colocá-lo dentro do corpo”, disse em comunicado à imprensa o Dr. Satish Nadig, cirurgião de transplantes e diretor do Centro Integrado de Transplantes da Northwestern Medicine. “O outro elemento emocionante é que o paciente pôde receber alta em menos de 24 horas, o que basicamente torna o procedimento ambulatorial”, acrescentou Nadig em um comunicado à imprensa da Northwestern. “Nossa esperança é que o transplante de rim acordado possa reduzir alguns dos riscos da anestesia geral e, ao mesmo tempo, encurtar a estadia hospitalar de um paciente”.
A equipe cirúrgica de Nicholas realizou seu transplante de rim em menos de duas horas, utilizando um tipo de anestesia semelhante à usada durante uma cesárea.
“Administrar anestesia para o transplante de rim acordado foi mais fácil do que uma cesárea”, afirmou em comunicado à imprensa o Dr. Vicente García Tomás, chefe de anestesiologia regional e analgésicos agudos do Hospital Northwestern Memorial. “Para o caso de John, aplicamos uma única injeção de bloqueio espinhal no centro cirúrgico com um pouco de sedação para maior conforto. Foi incrivelmente simples e sem incidentes, mas permitiu que John estivesse acordado durante o procedimento, melhorando a experiência do paciente”.
Nicholas não tinha nenhum risco à saúde que proibisse a anestesia geral, nem tinha qualquer fobia em relação a ela. Na verdade, sua idade e seus limitados fatores de risco o tornaram um candidato ideal para participar de uma primeira iniciativa médica, e Nicholas aproveitou a oportunidade.
“Foi uma experiência incrível saber o que estava acontecendo em tempo real e estar ciente da magnitude do que estavam fazendo”, disse Nicholas. “Recebi um pouco de sedação para meu próprio conforto, mas ainda estava ciente do que estavam fazendo, especialmente quando me chamavam pelo nome e me contavam sobre certos marcos que haviam alcançado”, acrescentou Nicholas.
O paciente começou a ter problemas renais aos 16 anos. Sua função renal diminuiu e os testes mostraram que a inflamação em seus rins estava causando danos, embora nunca tenha sido encontrada a causa raiz.
Ele conseguiu evitar a diálise por meio de medicamentos até recentemente, quando seus rins falharam ainda mais e ficou claro que ele precisaria de um transplante de rim. A mãe de Nicholas originalmente planejou ser sua doadora, mas isso não se concretizou após um diagnóstico de câncer de mama.
Então ele recorreu a um grupo de amigos que conhece desde a escola primária, quando cresceu nos subúrbios de Zionsville, em Indianápolis. Seu melhor amigo agora mora em Alexandria, Virgínia, e trabalha para uma agência de saúde pública. Pat Wise, de 29 anos, lembra de ter recebido a mensagem de texto.
“Eu estava na minha cozinha preparando o jantar e John enviou uma mensagem dizendo: ‘Meu médico diz que é hora de começar a procurar doadores de rim’. Olhei para o meu telefone e, sem hesitar, preenchi o formulário naquela noite”, disse Wise. “John é um bom amigo. Ele precisava de um rim, e eu tinha um sobrando. Eu precisava pelo menos explorar o potencial de ser seu doador”.
Wise foi considerado compatível e viajou para Chicago, onde os cirurgiões removeram um de seus rins e o transplantaram para Nicholas.
“Fui abençoado com um grupo de amigos que permaneceram juntos desde muito jovens”, disse Nicholas. “Sempre nos chamamos de amigos para ‘cavalgar ou morrer’, e este exemplo mostra que nos cobrimos mutuamente. Significou muito para mim. Realmente mudou minha vida”.
Para manter seus rins saudáveis, Nicholas teve que limitar o consumo de sal. Agora, ele está ansioso para desfrutar mais pizza e ter energia para andar de bicicleta por Chicago. “Ele é um paciente extremamente obediente que estava em sintonia com seu corpo e disposto a ir além”, disse o Dr. Vinayak Rohan, cirurgião de transplantes do Northwestern Memorial Hospital. “Ele tinha a maior fé em nós, e nós tínhamos a maior fé nele”. Northwestern Medicine planeja disponibilizar esse tipo de cirurgia para pacientes que não podem receber anestesia geral ou que poderiam se beneficiar dela.
“Realmente abre uma porta completamente nova e é outra ferramenta em nosso arsenal para o campo de transplantes”, disse Nadig.
Mais informações: Os Institutos Nacionais de Saúde oferecem mais informações sobre transplantes de rim. FONTE: Northwestern Medicine, comunicado à imprensa, 24 de junho de 2024