Um novo estudo da Stanford Medicine revelou que nosso corpo passa por mudanças mais abruptas e significativas do que se imaginava anteriormente. De acordo com a pesquisa, muitas moléculas e microrganismos do organismo sofrem grandes alterações em dois momentos específicos: aos 44 e aos 60 anos.
Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após analisar milhares de moléculas, incluindo RNA, proteínas e metabólitos, além do microbioma – a coleção de bactérias, vírus e fungos que vivem dentro e sobre nós – em pessoas entre 25 e 75 anos.
Descobriu-se que 81% das moléculas estudadas apresentaram flutuações não lineares, ou seja, sofreram mudanças mais intensas em determinados períodos. Os resultados foram publicados na quarta-feira (12/07) na revista Nature Aging.
Michael Snyder, principal autor do estudo e chefe do departamento de genética, afirma: “Não estamos apenas mudando gradualmente com o tempo; existem mudanças realmente dramáticas. Acontece que os 44 e os 60 anos são períodos de grandes transformações, independentemente do tipo de molécula analisada”.
Os pesquisadores acreditam que essas mudanças abruptas refletem transformações significativas no corpo.
A equipe de pesquisa foi inspirada a estudar os efeitos das alterações moleculares e microbiais após observar que o risco de desenvolver doenças relacionadas à idade, como Alzheimer e doenças cardiovasculares, aumenta de forma acentuada, em vez de gradual.
Para pessoas na faixa dos 40 anos, as mudanças moleculares foram observadas no número de moléculas relacionadas ao álcool, cafeína, metabolismo de lipídios, doenças cardiovasculares e pele e músculos.
Já para aqueles na faixa dos 60 anos, as alterações estiveram relacionadas ao metabolismo de carboidratos e cafeína, regulação imunológica, função renal, doenças cardiovasculares e pele e músculos.
Entre os 108 participantes do estudo, os pesquisadores identificaram quatro “ageotipos”, indicando que os rins, fígado, metabolismo e sistema imunológico envelhecem em taxas diferentes em pessoas diferentes.
Ao buscar grupos de moléculas com maior flutuação em quantidade, os cientistas descobriram que essas mudanças ocorreram principalmente em dois intervalos: quando as pessoas atingiram a metade dos 40 anos e o início dos 60.
A descoberta de que essas mudanças ocorrem na mesma faixa etária em homens e mulheres surpreendeu os pesquisadores, que inicialmente acreditavam que a menopausa ou perimenopausa influenciavam essas alterações nas mulheres.
Xiaotao Shen, ex-pesquisadora pós-doutoranda da Stanford Medicine e primeira autora do estudo, explica: “Isso sugere que, embora a menopausa ou perimenopausa possam contribuir para as mudanças observadas nas mulheres na meia-idade, provavelmente existem outros fatores mais significativos influenciando essas alterações em homens e mulheres. Identificar e estudar esses fatores deve ser uma prioridade para pesquisas futuras”.
Como sugere Shen, são necessários mais estudos para explorar a causa dessas mudanças súbitas, sejam elas resultado de fatores comportamentais ou biológicos.
Independentemente da causa, os pesquisadores recomendam atenção especial à saúde aos 40 e 60 anos, talvez aumentando a prática de exercícios físicos e reduzindo o consumo de álcool para viver em melhor harmonia com essas mudanças biomoleculares.
Como afirma Snyder: “Acredito firmemente que devemos tentar ajustar nossos estilos de vida enquanto ainda estamos saudáveis”.