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Durante a semana, muitas pessoas enfrentam uma rotina agitada e acabam dormindo pouco, uma situação comum que pode trazer riscos à saúde, como já apontado por diversos estudos sobre privação de sono. Caracterizada por menos de sete horas de sono por noite, a privação pode impactar significativamente o bem-estar. No entanto, uma nova pesquisa sugere que “recuperar” o sono dormindo mais nos finais de semana pode reduzir o risco cardíaco em até 20%.
Este estudo será apresentado no ESC Congress 2024, o congresso anual da Sociedade Europeia de Cardiologia, que ocorrerá entre os dias 30 de agosto e 2 de setembro, em Londres, no Reino Unido. Segundo Yanjun Song, coautor do estudo e pesquisador do Laboratório Estatal de Doenças Infecciosas, em Pequim, China, “sono compensatório suficiente está ligado a um menor risco de doença cardíaca”, uma associação que se torna ainda mais evidente entre indivíduos que regularmente dormem pouco durante a semana.
A pesquisa utilizou dados de 90.903 indivíduos participantes do projeto UK Biobank, uma extensa base de dados do Reino Unido, para avaliar a relação entre sono compensado no fim de semana e doenças cardíacas, com informações obtidas por meio de acelerômetros, dispositivos que monitoram parâmetros como batimentos cardíacos, distâncias percorridas e calorias gastas.
Os dados sobre o sono foram divididos em quatro grupos, variando do sono mais compensado ao menos compensado. O Grupo 1, com sono menos compensado, variou de -16,05 horas a -0,26 horas; o Grupo 2, de -0,26 horas a +0,45 horas; o Grupo 3, de +0,45 horas a +1,28 horas; e o Grupo 4, de +1,28 horas a 16,06 horas compensadas. A privação de sono foi autorrelatada, sendo caracterizada quando uma pessoa dormia menos de 7 horas por noite.
No total, 19.816 participantes (21,8%) foram definidos como privados de sono, enquanto o restante dos envolvidos pode ter experimentado sono inadequado ocasional, mas sem atender aos critérios de privação de sono.
Para avaliar a saúde cardiovascular, os pesquisadores analisaram registros de hospitalização e informações de causas de morte, identificando diagnósticos de doenças cardíacas como doença cardíaca isquêmica, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial e acidente vascular cerebral. Ao longo de um período de acompanhamento de 14 anos, os dados mostraram que os participantes do grupo com o sono mais compensatório (grupo 4) tiveram 19% menos chance de desenvolver doenças cardíacas em comparação ao grupo com o sono menos compensatório (grupo 1).
Além disso, entre aqueles com privação diária de sono, os que conseguiram compensar o sono aos finais de semana apresentaram um risco 20% menor de desenvolver doenças cardíacas em comparação com aqueles que não conseguiram compensar. A análise não identificou diferenças significativas entre homens e mulheres.
Segundo Zechen Liu, coautor do estudo e pesquisador do Laboratório Estatal de Doenças Infecciosas, “para a proporção significativa da população na sociedade moderna que sofre de privação de sono, aqueles que têm mais sono de recuperação nos fins de semana apresentam taxas significativamente mais baixas de doenças cardíacas do que aqueles com menos sono”.