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A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) está investigando um caso suspeito de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), popularmente conhecida como “doença da vaca louca”, na cidade de Caratinga, no interior do estado. O paciente, um homem de 78 anos, encontra-se internado e suas amostras foram enviadas para análise na Fundação Ezequiel Dias (FUNED), em Belo Horizonte.
A EEB é uma doença neurodegenerativa fatal que afeta o sistema nervoso central de bovinos, sendo causada por uma proteína infecciosa chamada príon. A transmissão para os seres humanos pode ocorrer através do consumo de carne contaminada, o que pode levar ao desenvolvimento da variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ), um distúrbio também neurodegenerativo que se caracteriza por perda de memória, tremores e rápido agravamento do quadro, resultando, frequentemente, em morte.
A vDCJ é uma doença extremamente rara e, de acordo com o Ministério da Saúde, afeta predominantemente indivíduos jovens, com idade abaixo de 30 anos. Desde que foi identificada em 1996, o mundo registrou apenas 233 casos confirmados de vDCJ, com nenhum deles ocorrendo no Brasil até o momento.
A SES-MG segue acompanhando o caso de perto, enquanto aguarda os resultados das análises laboratoriais para confirmar ou descartar a possibilidade de que o paciente tenha contraído a doença. Até que os resultados sejam conhecidos, as autoridades de saúde continuam monitorando o paciente e adotando as medidas necessárias para garantir a segurança e saúde pública.
A “doença da vaca louca” gerou preocupações globais desde o seu surgimento, e a vigilância permanece rigorosa para evitar novos casos em humanos, especialmente após os episódios documentados em outros países.
A Secretaria de Saúde de Minas Gerais, em comunicado oficial, informou que todos os protocolos de investigação e monitoramento estão sendo seguidos, e que mais informações serão fornecidas à medida que os exames forem concluídos.
Possíveis implicações para a saúde pública
Embora a EEB seja rara, a confirmação de um caso no Brasil geraria preocupações em relação à segurança alimentar, uma vez que a transmissão para humanos ocorre por meio do consumo de carne contaminada. A vigilância nas práticas de controle da cadeia de produção e abastecimento de carne seria intensificada, caso o diagnóstico seja confirmado. A doença não tem tratamento conhecido e é fatal, o que torna sua detecção precoce crucial para evitar maiores consequências à saúde pública.
Eis a íntegra da nota da Secretaria de Minas:
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa que não há confirmação de caso da Doença da Vaca Louca no estado.
O caso noticiado no município de Caratinga trata-se de provável Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) na forma esporádica, ou seja, não é transmissível. A maioria dos casos de DCJ acontece pela forma esporádica (85%). Afeta geralmente pessoas entre 55 a 70 anos (média de 65 anos) e é discretamente mais prevalente em mulheres. O caso do município de Caratinga trata-se de paciente idoso, de 78 anos, do sexo masculino, com alterações neurológicas.
A identificação da proteína 14-3-3 no líquor tem um alto grau de especificidade e sensibilidade para o diagnóstico das formas de DCJ. No entanto, a confirmação definitiva só é possível por meio de exame neuropatológico, que só pode ser realizado em caso de óbito do paciente. O suspeita do caso investigado não está relacionada a variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ), que está associada ao consumo de carne e subprodutos de bovinos contaminados com Encefalite Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como Doença da Vaca Louca,. Essa doença acomete predominantemente pessoas jovens, abaixo dos 30 anos, o que não é o caso do paciente em questão.
A SES-MG permanece acompanhando o caso, por meio do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs Minas) e da Superintendência Regional de Saúde de Coronel Fabriciano. Já o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), órgão responsável pela sanidade dos animais de produção do estado, afirma que não há qualquer suspeita ou investigação da ocorrência de EEB no Estado de Minas Gerais, e que o Brasil nunca registrou casos clássicos da EEB, por isso, o risco de contaminação dessa doença é classificado como insignificante pela Organização Mundial de Saúde Animal (Omsa).
A possibilidade da ocorrência dessa enfermidade em animais e, consequentemente, em seres humanos, é mínima devido à situação epidemiológica do estado e às medidas de prevenção adotadas pelo IMA. Essas medidas obedecem a legislação nacional, de acordo com as exigências internacionais da Omsa.