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A perda do olfato, conhecida como anosmia, pode ser mais do que um simples inconveniente – ela pode ser um dos primeiros sinais de demência, incluindo a doença de Alzheimer. Especialistas têm identificado que a dificuldade em identificar odores pode prever a progressão de distúrbios cognitivos para formas mais graves de demência.
Em entrevista à revista Parade, a neurologista Virginia Fouzia Siddiqui explicou que “a identificação de odores tem se mostrado uma ferramenta útil para prever a transição de um quadro de comprometimento cognitivo leve para a demência da doença de Alzheimer”. Nos Estados Unidos, cerca de 7 milhões de pessoas foram diagnosticadas com demência, uma condição que destrói gradualmente a memória, as habilidades cognitivas e a capacidade de realizar tarefas cotidianas.
A conexão entre a perda do olfato e o aumento do risco de demência já é amplamente reconhecida por pesquisadores. Embora fatores de risco para Alzheimer, como variantes genéticas, exijam testes abrangentes para confirmação, a anosmia pode ser notada facilmente durante as atividades diárias. Especialistas recomendam que, caso você não consiga perceber o cheiro de seu shampoo, condicionador ou sabonete durante o banho, é importante consultar um médico.
De acordo com a neurologista Meredith Bock, da Remo Health, “o processo de neurodegeneração que causa a demência pode também afetar a sensação e o processamento sensorial relacionado ao olfato, tornando mais difícil para os pacientes reconhecerem odores familiares, como o cheiro do seu shampoo ou sabonete favorito.”
No caso da demência com corpos de Lewy — a segunda forma mais comum de demência depois da doença de Alzheimer — a redução ou distorção da capacidade de perceber odores pode preceder outros sintomas por quase uma década. Os depósitos de proteína que indicam Alzheimer geralmente aparecem primeiro em regiões do cérebro associadas à memória e ao olfato, antes de se espalharem para outras áreas do cérebro.
Um estudo realizado pela Universidade de Chicago em 2022 revelou que pessoas com declínio rápido no olfato apresentavam menor volume e formas alteradas da substância cinza nas áreas do cérebro relacionadas ao olfato e à memória, em comparação com aqueles que não apresentavam problemas com o olfato.
Adicionalmente, um estudo mostrou que idosos incapazes de identificar odores têm três vezes mais chances de morrer em até cinco anos, quando comparados aos idosos saudáveis.
A neurologista Bock alertou que, infelizmente, “se a perda do olfato e do paladar for causada por uma doença neurodegenerativa, como Alzheimer ou Parkinson, esses sentidos não voltam.”
Porém, é importante destacar que a anosmia não é um diagnóstico definitivo de demência. Ela pode ser causada por diversos fatores, como resfriados, gripe, COVID-19, trauma craniano, deficiência de vitaminas ou até o envelhecimento normal. Como explicou Bock, “à medida que envelhecemos, é normal que nossos sentidos mudem. Para as pessoas com demência, essas mudanças podem ser mais notáveis.”
Se você ou alguém próximo tem notado uma perda de olfato, é fundamental procurar a orientação de um médico para avaliação adequada, considerando que o olfato pode ser um dos primeiros sinais de distúrbios cognitivos que afetam a memória e a percepção.