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O Ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Olaf Scholz, classificou neste sábado como “muito sérias” as informações sobre uma escuta na Força Aérea alemã, após meios de comunicação de Moscou publicarem ontem uma suposta conversa entre vários oficiais alemães debatendo cenários militares na Ucrânia.
“O que está sendo relatado é uma situação muito séria e, por isso, agora será investigada de forma cuidadosa, intensiva e urgente. Isso é necessário”, declarou Scholz ao sair de uma audiência privada com o Papa no Vaticano.
Uma porta-voz do Ministério da Defesa alemão confirmou à agência de notícias EFE que efetivamente se presume que “uma conversa no âmbito da Força Aérea tenha sido ouvida”, embora não se possa afirmar com certeza se o áudio ou a versão escrita divulgados nas redes sociais foram manipulados.
A porta-voz afirmou que os serviços de contraespionagem militar “tomaram todas as medidas necessárias” para esclarecer os fatos.
“Sobre o conteúdo da comunicação que aparentemente foi alvo de escutas, não podemos comentar nada”, concluiu.
O incidente ocorre em um momento delicado para Scholz, que tem sido alvo de críticas tanto da oposição quanto dentro da própria coalizão governamental de social-democratas, verdes e liberais.
“Não é surpreendente nem chocante que ocorram escutas. Era apenas uma questão de tempo até que se tornasse público”, afirmou a deputada liberal Marie-Agnes Strack-Zimmermann, presidente da comissão de Defesa do Bundestag, ao jornal RND.
Zimmermann, no entanto, responsabilizou o chanceler pelo momento escolhido por Moscou para a suposta revelação.
Esta semana, Scholz se recusou pela enésima vez a fornecer mísseis Taurus à Ucrânia, alegando – questionado por muitos especialistas – que estes não podem ser operados sem a participação de soldados alemães, o que constitui uma linha vermelha para Berlim.
“Obviamente, eles querem dissuadi-lo de dar luz verde (para a entrega dos Taurus)”, afirmou a deputada em relação à motivação de Moscou.
O vice-presidente da comissão parlamentar de supervisão dos serviços secretos, o democrata-cristão Roderich Kiesewetter, expressou-se de forma semelhante.
“O chanceler Scholz acabou de deixar claro que pretende continuar bloqueando o envio de Taurus, mas para isso ele usou informações sabidamente falsas, com as quais agora está sob pressão”, disse à NTV.
No áudio vazado, de cerca de 30 minutos, ouve-se a voz do máximo responsável pela Força Aérea alemã, Ingo Gerhartz, conversando com vários oficiais de alto escalão sobre potenciais alvos russos que a Ucrânia poderia destruir com os Taurus, incluindo a ponte de Kerch, na Crimeia.
Os interlocutores dão a entender que a decisão de fornecer os Taurus é exclusivamente política e não técnica.
Segundo meios de comunicação alemães, em vez de um canal seguro, os militares usaram a plataforma de videoconferência WebEx para sua conversa, enquanto um deles se conectou através de seu telefone celular.