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Durante uma entrevista concedida ao “SBT Brasil” nesta segunda-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas afiadas à postura adotada pela Petrobras, questionando sua concentração em atender aos interesses dos acionistas em detrimento das necessidades da população.
“Então essa discussão tem que ser feita. Se eu for atender apenas a ‘choradeira do mercado’, você não faz nada,” ressaltou o presidente, sugerindo que ceder apenas às pressões do mercado seria incapaz de produzir ações efetivas.
” Será que o mercado não tem pena das pessoas que passam fome? Será que o mercado não tem pena das 735 milhões de pessoas que não tem o que comer? Será que o mercado não tem pena na sarjeta e no centro de São Paulo, no Rio de Janeiro? Será que o mercado não tem pena das meninas com 12, 13 anos que as vendem o corpo por um prato de comida?”, questionou o petista.
A fala ganha contexto frente à recente decisão da petroleira, liderada pelo presidente da companhia, Jean Paul Prates, de não distribuir dividendos extraordinários aos acionistas — um movimento que resultou na queda de R$ 55 bilhões no valor de mercado da empresa.
Petista destacou os êxitos da Petrobras, como recordes de produção e arrecadação, e pontuou que apesar desses sucessos, não há ganhos tangíveis para a população. “Sabe então quando a pessoa vive de especulação na bolsa, você pode crescer 30% num dia e cair 20% no outro. E fica tudo por isso mesmo,” afirmou Lula, destacando a volatilidade e a efemeridade dos lucros no mercado de ações.
Lula acredita que a empresa tem a responsabilidade de contemplar os interesses de seus “200 milhões de brasileiros que são donos dessa empresa ou são sócios dessa empresa.” Segundo ele, é inaceitável que a Petrobras, capaz de distribuir R$ 45 bilhões em dividendos, cogite destinar até R$ 80 bilhões para este fim, enquanto esse capital extra poderia ser investido em desenvolvimento e pesquisa.
Diante das recentes pesquisas de Genial/Quaest, Atlas/Intel e Ipec que apontam uma baixa na aprovação do atual governo, Lula manteve-se firme e otimista. Ele reconheceu as dificuldades, mas assegurou confiança em sua gestão: “Eu tenho certeza absoluta de que não tem nenhuma razão do povo brasileiro me dar 100% de popularidade porque ainda nós estamos muito aquém daquilo que prometemos”, declarou o presidente.