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A Carta do Papa Francisco aos Cristãos

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O Papa Francisco dirigiu uma carta aos cristãos da Terra Santa em ocasião da Semana Santa para expressar sua proximidade “nestes momentos em que estão sofrendo dolorosamente o absurdo drama da guerra”, a qual foi publicada nesta quarta-feira pelo Vaticano.

“Eu me aproximo de todos vocês, em seus diferentes ritos, queridos fiéis católicos espalhados por todo o território da Terra Santa. Em particular, àqueles que, neste momento, estão sofrendo dolorosamente o absurdo drama da guerra, às crianças a quem é negado um futuro, àqueles que choram e sofrem, àqueles que experimentam angústia e desorientação”, escreve Francisco.

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O Papa expressou o desejo de que os cristãos sintam “o afeto de um pai, que conhece seus sofrimentos e suas fadigas, especialmente as destes últimos meses” e que também “possam perceber o afeto de todos os católicos do mundo”.

“Em tempos sombrios, nos quais parece que as trevas da Sexta-Feira Santa cobrem sua terra e tantas partes do mundo são desfiguradas pela inútil loucura da guerra, que é sempre e para todos uma derrota sangrenta, vocês são tochas acesas na noite; são sementes de bem em uma terra dilacerada por conflitos”, acrescenta a carta.

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Para os cristãos, Francisco diz: “Vocês não estão sozinhos e não os deixaremos sozinhos, mas permaneceremos solidários com vocês através da oração e da caridade ativa, esperando poder voltar logo até vocês como peregrinos, para olhá-los nos olhos e abraçá-los, para partir o pão da fraternidade e contemplar aqueles brotos de esperança nascidos de suas sementes, espalhadas na dor e cultivadas com paciência”.

Francisco se despede renovando “o convite a todos os cristãos do mundo para oferecerem seu apoio concreto e para rezarem sem se cansar, para que toda a população de sua querida terra finalmente esteja em paz”.

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Abaixo a carta completa do Papa:

Queridos irmãos e irmãs:

Há muito tempo vocês estão em meus pensamentos e oro por vocês todos os dias. Mas agora, às vésperas desta Páscoa, que para vocês carrega uma forte carga de Paixão e ainda pouco de Ressurreição, sinto a necessidade de escrever-lhes e dizer que vocês estão em meu coração. Eu me aproximo de todos vocês, em seus vários ritos, queridos fiéis católicos espalhados por toda a Terra Santa. Em particular àqueles que, neste momento, estão sofrendo dolorosamente o drama absurdo da guerra, às crianças a quem é negado um futuro, àqueles que choram e sofrem, àqueles que experimentam angústia e desorientação.

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A Páscoa, centro de nossa fé, tem ainda mais significado para vocês, que a celebram nos lugares onde o Senhor viveu, morreu e ressuscitou. Não apenas a história, nem tampouco a geografia da salvação existiriam sem a terra que vocês habitam há séculos, na qual desejam permanecer e onde é um bem que possam ficar. Agradeço pelo seu testemunho de fé, agradeço pela caridade que existe entre vocês, agradeço porque sabem esperar contra toda esperança.

Desejo que cada um de vocês sinta meu afeto de pai, que conhece seus sofrimentos e suas fadigas, em particular as destes últimos meses. Junto com meu afeto, espero que possam perceber o de todos os católicos do mundo. Que o Senhor Jesus, nossa Vida, como Bom Samaritano, derrame sobre as feridas de seus corpos e almas o óleo do consolo e o vinho da esperança.

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Pensando em vocês, volta à minha mente a peregrinação que realizei há dez anos; e faço minhas as palavras que o Papa Paulo VI, primeiro sucessor de Pedro peregrino na Terra Santa, dirigiu há cinquenta anos a todos os crentes: “A prolongação do estado de tensão no Oriente Médio, sem que se tenham dado passos conclusivos em direção à paz, constitui um grave e permanente perigo que ameaça não apenas a tranquilidade e a segurança daquelas populações —e a paz do mundo inteiro—, mas também certos valores extremamente queridos, por diferentes motivos, para grande parte da humanidade” (Exort. ap. Nobis in Animo).

Queridos irmãos e irmãs, a comunidade cristã da Terra Santa não apenas foi guardiã dos lugares da salvação ao longo dos séculos, mas constantemente deu testemunho, através de seus próprios sofrimentos, do mistério da Paixão do Senhor. E, com sua capacidade de se levantar e seguir em frente, anunciou e continua anunciando que o Crucificado ressuscitou, que com os sinais de sua Paixão apareceu a seus discípulos e ascendeu ao céu, levando junto ao Pai nossa humanidade atormentada mas redimida. Nestes tempos sombrios, em que parece que as trevas da Sexta-feira Santa cobrem sua terra e tantas partes do mundo são desfiguradas pela inútil loucura da guerra, que é sempre e para todos uma sangrenta derrota, vocês são tochas acesas na noite; são sementes de bem em uma terra dilacerada pelos conflitos.

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Por vocês e com vocês eu rezo: “Senhor, que és nossa paz (cf. Ef 2,14-22), tu que proclamaste bem-aventurados os que trabalham pela paz (cf. Mt 5,9), liberta o coração do homem do ódio, da violência e da vingança. Nós te contemplamos e te seguimos a ti, que perdoas, que és manso e humilde de coração (cf. Mt 11,29). Faz com que ninguém nos roube do coração a esperança de nos levantarmos e ressuscitarmos contigo, faz com que não nos cansemos de afirmar a dignidade de todo homem, sem distinção de religião, etnia ou nacionalidade, começando pelos mais frágeis, pelas mulheres, os idosos, os pequenos e os pobres”.

Irmãos e irmãs, gostaria de dizer-lhes que não estão sozinhos e não os deixaremos sozinhos, mas permaneceremos solidários com vocês através da oração e da caridade ativa, esperando poder voltar logo a vocês como peregrinos, para olhá-los nos olhos e abraçá-los, para partir o pão da fraternidade e contemplar aqueles brotos de esperança nascidos de suas sementes, espalhadas na dor e cultivadas com paciência.

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Sei que seus Pastores, os religiosos e as religiosas estão ao seu lado. Agradeço de coração tudo o que fazem e continuam fazendo. Que cresça e resplandeça no crisol do sofrimento o ouro da unidade, também com os irmãos e irmãs das outras confissões cristãs, a quem também desejo manifestar minha proximidade espiritual e expressar meu incentivo. A todos os levo em oração.

Eu os abençoo e invoco sobre vocês a proteção da Bem-aventurada Virgem Maria, filha de sua terra. Renovo o convite a todos os cristãos do mundo a fazerem sentir seu apoio concreto e a rezar sem se cansar, para que toda a população de sua querida terra esteja finalmente em paz.

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Fraternalmente,

Francisco.

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