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Poucos alimentos despertam tanta curiosidade quanto o kimchi. Originário da Coreia, tornou-se um elemento essencial em todas as refeições, independentemente da classe social ou região do país. Designado Patrimônio Cultural Imaterial pela UNESCO desde 2013, o kimchi é considerado um superalimento devido aos seus inúmeros benefícios para a saúde e à sua crescente popularidade global.
O que é o kimchi
O kimchi é um alimento fermentado, uma prática antiga para conservação de alimentos, feito principalmente com repolho chinês ou napa, salgado para iniciar o processo de fermentação e temperado com uma mistura de condimentos como alho, gengibre e jeotgal, um condimento de frutos do mar fermentados.
Na última década, o kimchi tornou-se um ícone cultural e um fenômeno além das suas propriedades nutricionais. Sua presença em dramas coreanos (k-dramas) não é mera coincidência: ele é parte integrante da identidade e da dieta diária da Coreia.
Os benefícios de um superalimento
Além de sua relevância culinária global, o kimchi é valorizado por seus benefícios para a saúde digestiva e imunológica, graças à presença de lactobacilos e bactérias “boas” resultantes do processo natural de fermentação.
Segundo um recente artigo publicado na revista Nature, alimentos fermentados fornecem uma combinação única de microorganismos benéficos e compostos bioativos que podem contribuir para a saúde gastrointestinal de diversas maneiras. Para os cientistas responsáveis pela pesquisa, representam uma maneira segura de aumentar a exposição microbiana visando melhorar a saúde intestinal e potencialmente reduzir o risco de doenças intestinais crônicas.
“O kimchi é um fermentado feito com vegetais crucíferos, como repolho, que fermentam rapidamente e têm propriedades probióticas devido à alta concentração de ácido lático. Também possui propriedades prebióticas devido às fibras contidas nos vegetais”, afirma Silvina Tasat, nutricionista e membro da Sociedade Argentina de Nutrição.
De acordo com a nutricionista Nadia Hrycyck, consumir este fermentado “fornece microorganismos vivos ao nosso sistema digestivo, responsáveis por melhorar a função intestinal” e “reforça as defesas do corpo, facilitando a absorção de nutrientes devido à fermentação”.
Além disso, o kimchi equilibra a flora intestinal, auxilia na digestão, previne a constipação e reduz a inflamação intestinal.
Em relação ao seu valor nutricional, Hrycyck destaca que o kimchi fornece principalmente fibras, vitaminas A e C, além de minerais como ferro, cálcio e potássio, cuja absorção é melhorada pelo processo de fermentação.
Para a Dra. Uma Naidoo, psiquiatra e especialista em nutrição, os fermentados como o kimchi merecem mais atenção devido aos seus benefícios para o cérebro. Incorporar este alimento à dieta pode melhorar o humor, a memória e a eficiência cerebral, além de promover uma função intestinal saudável e reduzir a ansiedade.
Pesquisas demonstraram que o consumo diário de alimentos fermentados tem efeitos neuroprotetores e pode retardar o declínio cognitivo em idosos. Além disso, por ser baixo em calorias e saciante, o kimchi pode ser um aliado no controle do peso.
A história do kimchi remonta aos primórdios da agricultura na Coreia, há cerca de 2000 a 3000 anos, mas a versão moderna começou a se desenvolver no século VII e evoluiu consideravelmente durante a Dinastia Joseon (1392-1897) com a introdução de pimentões vermelhos no início do século XVII.
O kimchi desempenha um papel crucial nas práticas sociais e rituais da Coreia, sendo mais do que apenas um alimento na cultura coreana. O “kimjang”, processo de preparação e conservação em massa de kimchi antes do inverno, é uma das principais tradições associadas a ele.
Durante o rigoroso inverno na península coreana, caracterizado por temperaturas abaixo de zero, a fermentação foi adotada como método para preservar o valor nutricional dos vegetais durante os meses mais frios. Este evento não só garante que cada família tenha kimchi suficiente para o inverno, mas também promove a cooperação, o senso de comunidade e o fortalecimento dos laços familiares e comunitários.