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Tarcísio Escobar não consta na lista de filiados do PRTB e, de acordo com o sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), está com o título eleitoral suspenso. Mesmo assim, ele continua aparecendo em vídeos e eventos públicos como líder paulista do partido, negociando a adesão da legenda a pré-candidatos em cidades paulistas. Em alguns casos, esses eventos ocorrem nas sedes municipais do PRTB. Na quarta-feira (29), ele publicou imagens na região de São José do Rio Preto, com pré-candidatos de Olímpia e Catanduva.
Além de ser indiciado por associação ao PCC e ao tráfico, Tarcísio Escobar foi condenado em primeira instância por estelionato em Poá, na Grande São Paulo, e responde pelo mesmo crime em Barueri, também na região metropolitana.
Escobar foi colocado provisoriamente no comando do partido em São Paulo depois que Leonardo Alves de Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche, assumiu a liderança nacional da legenda em fevereiro deste ano. Atualmente, o presidente estadual do PRTB em São Paulo registrado no TSE é Joaquim Pereira de Paulo Neto, que não foi localizado pela reportagem.
Leonardo Avalanche, quando procurado, não esclareceu as razões de Tarcísio Escobar ter sido registrado como presidente e retirado formalmente três dias depois. Sobre Escobar continuar se apresentando como presidente do partido, Avalanche disse ter visto Escobar em alguns eventos, mas afirmou não ter contato com ele. “Não fiquei ciente, desconheço isso [indiciamento de Escobar]. Mas ele se apresenta como presidente? Ele não está ativo no partido. Não tenho muito contato. Vi ele em alguns eventos, mas igual vejo outros em todos os estados também. A gente não definiu um grupo e eu sou recente na direção”, argumentou.
Escobar e um advogado que o defende em um processo criminal foram procurados, mas não responderam até a publicação deste texto. Pablo Marçal, contatado por sua assessoria, limitou-se a afirmar que a informação estava equivocada e não respondeu se sabia do indiciamento de Escobar.
O PRTB afirmou, em nota divulgada após a publicação da reportagem, que Tarcísio Escobar não faz parte do diretório estadual de São Paulo “e, portanto, não possui legitimidade para falar em nome do partido”. “Embora tenha atuado na gestão anterior, ele foi mantido no posto provisoriamente por apenas três dias, enquanto ainda estávamos reformulando a nova equipe da atual direção.”
Uma semana depois de deixar oficialmente a presidência estadual do partido, Tarcísio Escobar se encontrou com o vice-prefeito de Santo André, Luiz Zacarias (PL), em São Paulo. O vídeo do encontro, publicado por Zacarias no dia 27 de março no Instagram, contou com a presença do deputado federal Fernando Marangoni (União-SP), que apresenta Tarcísio Escobar como “presidente estadual do PRTB em São Paulo” e declara apoio a Zacarias como pré-candidato em Santo André. Zacarias não havia se manifestado até a publicação deste texto.
“É com profunda indignação que tomo conhecimento das denúncias veiculadas ao senhor Tarcísio Escobar. Fui surpreendido pela imprensa com denúncias ao então presidente do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), contrárias aos valores e princípios que regem a minha trajetória política”, afirmou Marangoni. Ele disse que encaminhou o caso ao jurídico do União Brasil, ao qual é filiado.
O jornal O Estado de S. Paulo tem divulgado reportagens que mostram supostos elos do PCC com o poder público, envolvendo desde fraudes em licitações até nomeações.